segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Olá, meninos e meninas!

Aqui estou finalmente, após um problema prolongado com a internet. Tal como combinado e vos prometi, já comecei a publicar páginas de um meu diário literário, para se sentirem mais acompanhados:
http://diariosliterariosalunos.blogspot.com/
Continuarei, para vos dar coragem e incentivo.
Tenho escrito sobre ou a propósito de Frei Luís de Sousa, porque a inspiração tem dado para aí, mas como vos disse, nesta primeira fase não é necessário, a temática é mais alargada: língua e literatura em geral.
Também aqui publicarei, logo que possa, os vossos textos.
Espero que tenham passado um bom Natal e faço votos para que entrem em 2012 felizes e cheios de entusiasmo!
Beijinhos, até para o ano! :-) Aproveitem muito bem as férias.
Risoleta
PS: Junto foto de um dos meus caderninhos, em pose:
                                      foto R

E recordo a informação do 1º período sobre os diários literários:
http://risoescolar.blogspot.com/2011/09/diario-literario.html

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Relatório de um Inquisidor


Trabalho sobre a visita de estudo a S. Roque




Suposto pois escrever algo de modo a que o Padre António Vieira seja julgado pela Inquisição, não o consigo fazer! Estou preso! Estou preso numa porta, a do Paraíso! Fiquei impressionadíssimo com a sua sabedoria
Longa distância percorri, não quero que vá em vão todas estas recordações. Recordações dos meus pesados passos a baterem na calçada branca, ainda nova, da multidão formada no largo, a perguntar sobre o que é que seria o sermão naquele dia, formulando frases, afirmações e interrogações, que foram deitadas dos seus corpos ardentes para o fresco ar, misturando-se com os cheiros das flores, dos cafés, das perfumes… Melodia harmoniosa se formava constantemente!
Quando já estava na altura de entrar, tudo, numa passada lenta e calma, tentava escolher o melhor lugar da audiência.
Ao entrar na Igreja de S. Roque, evidenciou-se um monumento ímpar! Composta por uma fachada simples e austera, o interior deste jesuítico é rico em trabalho de talha dourada, mármores policromados, azulejaria, composições em mosaicos, pintura, escultura e relicários. Uma igreja salão compacta, desenvolvendo-se em andares com galeria sobre capelas laterais e cuja achada rígida, e de uma grande simplicidade, se articula em superfícies lineares. Encanto infinito!
À medida que me ia deslumbrando cada vez mais, surgiam histórias e mais histórias, revestidas por uma fina e leve talha, que permanecia descansada sobre estas.
Anjos calmos, assim como crianças, criam um cenário familiar e harmonioso. Um santo pronto a dar a mão e ajudar quem mais precisa.
Pintura ilusória, com uma perspetiva conseguida de abóbada, sobre um teto de madeira com uma superstrutura de vigamento, define-se num sistema arcaizante.
A riqueza vocabular e domínio verbal, os paradoxos e os efeitos persuasivos, seduzem a clareza dos seus argumentos de tom, e certas subtilezas irónicas, que o Padre António Vieira torna a sua arte em algo magnífico como a Igreja o é!
À medida que falava, a sua boca ia-se abrindo numa lentidão imensa, as palavras voavam com expressividade, com delicadeza. Saboreava-se o momento! Palavras que se apreciam, que salgam a nossa mente. Salgam pois porque precisamos de tal cousa! Precisamos de que nos abram os nossos olhos. Ele apenas nos diz a verdade! Porquê ocultar este dom?! Esta dádiva?! Sabemos que Jesus nasceu, viveu e morreu na pobreza e apenas quer que sejamos irmãos! Porque nos interessamos, nós, se somos grandes, se somos pequenos ou médios? O que interessa são as nossas ações! Porque, afinal, andamos a salgar a nossa terra? Não podemos, simplesmente, deixá-la em paz? Mas para isso teríamos de magoar o próximo com interesses económicos ou políticos. Já chega!
Não nos interessa se, no exterior, somos diferentes. O que aqui interessa são as nossas ações, o nosso interior, a capacidade de resolver as coisas. Fomos todos criados por Ele. Para quê magoar e ferir os nossos, amados e estimados, irmãos?
Como o Padre António Vieira disse, os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; praticam ações distintas da sua pregação; pregam-se a si próprios e não a Cristo e como os ouvintes não querem receber a verdadeira doutrina seguem as ações negativas dos pregadores e não as suas palavras; servem os seus caprichos em vez de servirem a Jesus Cristo.
Estes sermões são a realidade concreta! Porquê ocultarmos tal facto?
Paremos a tempestade que estamos a construir! Pisemo-la! Mas por amor de Deus, ajudemo-nos todos com Irmãos!
Peço, portanto, que vós, que não estadeis à espera que o resultado da missão fosse este, aceitai e encarai estes factos como Deus quer que o façamos!
Maria José Sousa, 11º D, nº 20

Um colono


A terra ainda é castanha, o céu ainda é azul e os índios ainda são vermelhos, daqui para a frente não terão mais cor, serão apenas escravos.
Escravos não têm cor, escravos não têm vida. Daqui para frente nem a terra e o céu terão cor. Sou um sugador de cor, é a minha vida. Sugo a vida de tudo o que está à minha frente. Somos colonos da morte. Gostamos e queremos colonizar a morte. É mais fácil assim. Os peles (que já não são) vermelha, são desconhecidos para mim e assim é mais fácil. Se colonizar logo a morte não existirão perguntas nem sentimentos de desconforto.
Somos felizes assim, acabando com a vida, nem conhecemos a outra realidade. Daqui para a frente nem pensarei sequer nos seus sentimentos, daqui para a frente não existirá eu e eles, pois só eu e os meus importa.

Elsa, 11º E

Processos fonológicos (brincar com a língua)


“O fenómeno”
            O gladiador, alto e corpulento, veloz e ágil, com a espada ou rede empunhada prepara-se para combater na arena.
            Antes de enfrentar o inimigo naquela grande “área” a sua vida passa-lhe diante dos olhos: o terno sorriso da sua mãe, o cabelo cor de areia do pai; correr nas ruas da pequena villa, tropeçar e cair na “área” à frente da fonte; correr de mãos dadas com o amor da sua vida na areia da praia…
            Agora ali está ele, em pleno combate na arena, tentando derrubar o adversário, para não ser ele a sentir o sabor arenoso da derrota na boca, este sabor que se mistura com alguns dentes e sangue. O objetivo é sobreviver para regressar novamente àquela “área” quente e ser o derradeiro vencedor

Francisco 11º D

Os pensamentos de um inquisidor



                “Ele chega hoje e dirige-se de imediato à igreja de S. Roque assim que o navio atracar no porto. Estarei lá para ouvir e condenar o seu sermão pelas ideias controversas que apresenta contra a cristandade da igreja!
            A fachada é extremamente simples, porque escolheu ele este lugar?”
            O inquisidor entra na igreja e benze-se de olhos postos no chão, retira do bolso um lápis e um pequeno livro, onde anota todos os seus pensamentos, e seria exatamente isso que faria agora.
            Levantou os olhos para o púlpito de onde Vieira faria o seu sermão. De repente sentiu-se extasiado. Boca aberta, exprimindo a sua surpresa; olhos esbugalhados, tentando absorver cada detalhe: a talha dourada que ornamentava as belas capelas, as colunas preenchidos com videiras (simbolizando o vinho, sangue de Cristo), as belíssimas esculturas de mármore, todos os quadros nas paredes e pinturas no teto que, como ele sabia bem, simbolizando a auto afirmação da fé da igreja que idolatrava.
            Começavam a chegar os nobres, que se sentavam nas suas cadeiras ali colocadas pelos seus pajens no dia anterior; os diferentes membros do povo que, de pé, se acomodavam, ocupando gradualmente o chão de toda a igreja. Aos poucos o auditório do Padre António Vieira chegara e o Inquisidor aparentava apenas conseguir apenas concentrar-se nas pinturas do teto…
            Como eram belas! E os brasões! Em pedra, como os anjinhos que preenchiam as paredes de algumas capelas e, na cabeceira da bela igreja de salão, com a sua bela fachada de templo simétrico, com a estátua da virgem em baixo… e como era bela, com o seu olhar humanizado e o menino ao colo. Como o enchia de ternura tal imagem.
            O sermão já havia começado. Todos atentos, excetuando o Inquisidor, que nem notou a presença de Vieira… deambulava pela igreja apreciando as magnificas obras de arte, os azulejos que revestiam as paredes, o órgão revestido a ouro, a capela encomendada por D. João V, com o seu chão de mosaico reluzente e os mármores resplandecentes, a capela de Nossa Senhora da Piedade, onde ela segura o corpo sem vida de Cristo. – O Inquisidor torna a benzer-se – as colunas torças, as esculturas em vulto… tudo tão belo.
            Agradado por toda a beleza em seu redor o Inquisidor pega no seu caderninho e escolhe a capela de S. Roque para desenhar um ou outro detalhe… e o discurso decorre sem a sua atenção…

Francisco, 11º D

Oralidade


Apresentação oral de Português – leitura, dissertação e improvisação

Leitura
O homem que não conseguia
Tentou uma e depois várias vezes e depois já não conseguia deixar de tentar. Por mais que tentasse não conseguia. Não valia a pena tentar. Ele sabia que não conseguia.
Tentava, sabendo de antemão que não conseguia. Sabia que se enganava na tentativa, que não havia maneira de chegar lá. Voltava e repetia, recomeçava sabendo que tinha de voltar atrás. Ele sabia que não havia maneira de chegar lá.
Não nos foi dado conseguir chegar lá, dizia, e não entendia. Deram-nos só a tentativa, a absurda tentativa de chegar lá, protestava, sabendo que ninguém iria concordar. Quase feitos para chegar lá. Feitos para recomeçar não para acabar. Feitos para voltar atrás, mas não ao mesmo começo. Feitos para procurar o que não se pode encontrar por não se saber sequer o que se procura, e não poder perguntar porque nem a pergunta se sabe perguntar.
A vida é o que é e nos quase nada. Ou então somos nós que somos tudo e a vida que temos muito pouco sempre a passar. Ou então o que nós somos é esse quase chegar lá sem conseguir chegar lá e voltar atrás e recomeçar por outro começo, pensava ele, cada dia de uma maneira diferente para não cansar. Quando olhas uma cara podes ver o sorriso nascer-lhe da boca. Mas também podes ver os ossos do crânio onde se fixam os músculos da cara. Não é um bom exemplo, ele sabia, só que não conseguia um melhor. O que tu vês é uma tentativa sem chegares a ver o que está lá. Se fechares os olhos é melhor. Se fechares os olhos, então ficas mais perto, um bocadinho mais perto de chegar lá, aconselhava o homem que não conseguia.
Se conseguisses era para descobrires que nada havia para descobrires; se chegasses lá vias logo que não era ali que querias chegar; se chegasses lá não conseguias voltar atrás, ficavas lá, onde não querias ficar. Era mesmo o pior que te podia acontecer, que é mais nada poder acontecer, dizia, sabendo que não conseguia dizer exatamente o que queria.
Paixão, Pedro. Viver todos os dias cansa. Lisboa. Edições Cotovia, 1995







Dissertação
O autor deste conto é bastante negativo, mas ao mesmo tempo realista, porque sim, é verdade que muitas vezes não conseguimos chegar lá. Segundo ele somos criaturas que não chegam lá, que não conseguem, mas ao mesmo tempo não desistem. O que é um pouco contraditório, porque ele mesmo diz que não há qualquer hipótese de chegar lá, então se não há porque é que continua a tentar? Não percebo…. Se calhar é por ainda ter um alguma esperança escondida de conseguir. Ele diz que se chegarmos lá vamos ver que não é ali que queremos estar, então porquê saber que não conseguimos, tentar à mesma e saber que não é esse o fim que queremos? Somos todos umas pessoas à deriva que não sabem o que querem, o que procuram! Segundo ele “o que nós somos é esse quase chegar lá sem conseguir chegar lá e voltar e recomeçar, sempre por outro começo, pensava ele, cada dia de uma maneira diferente, para não cansar”. Então o que nós somos é onde chegamos e o que conseguimos? O que e que nós realmente somos e o que é que estamos aqui a fazer? “Somos feitos para recomeçar, não para acabar”. Somos então pessoas que nada terminam mas tudo querem… queremos o tudo e temos o nada? É injusto e não será realmente assim, podemos não conseguir chegar lá mas temos sempre algo e temos que saber aproveitar isso e transformar em algo bom. Em algo melhor e melhor para nós.

Improvisação - E o que fazias se chegasses lá?
Se chegasse lá ia ser diferente. Acho eu… Iria pensar em tudo o que passei e aproveitar e valorizar ter chegado lá. Porque muitas vezes quando eu consigo alguma coisa esqueço-me do que já tive e por alguma razão penso que sempre fui assim ou já tive isto, mas não tive. Se eu chegasse lá acho que seria feliz, mas isso não posso ter a certeza, mas enquanto não chego lá estou bem. Espero chegar lá, porque o lá parece melhor que o aqui... mas será que precisamos de chegar lá? Não quer dizer que não consigamos, mas será que precisamos? Não será tudo uma ilusão de um mundo perfeito quando temos tudo ótimo e chegamos lá, mas esse lá não existe? Não sei, e já nem sei se quero chegar lá… eu quero ser feliz, quer lá quer aqui, porque eu nem sequer sei o que é o lá!

Maria José, 11º E

Uma reflexão antes do início de um sermão


Reflexão de um pregador antes de um sermão:
Hoje reflito sobre a vingança. Algo de que os bichos não necessitam para se sentirem realizados. Fala-se de justiça face a um assassinato, mas na verdade o que se quer é licença para matar, por outras palavras: vingança! As pessoas não se contentam com uma morte só. Nunca! Tem de, no mínimo, haver duas… distintas e por diferentes motivos, embora sempre relacionadas entre si.

Sermão:

"A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor" Epístola aos Romanos 12:19
Homens! Julgais vós que a vingança algo soluciona? O Senhor vinga-se de vós quando faltas à doutrina?

Faz-te pagar pelos teus pecados em vida?

Não! Só depois que haveis morrido
Ele executa tal castigo, privando-te do seu paraíso. Mandando-te arder nos confins do Inferno!
Tão bondoso é Ele que vos concede o resto de toda uma vida para vos arrependeres. Mas Ele é paciente… e vós? Vós sois tão impacientes quanto um animal faminto! Tendes que ter vingança do outro enquanto ele vive, sem direito a perdão nem segundas oportunidades! Não quereis saber os motivos desse vil pecador. Apenas condená-lo à dor que sentes, ardente no teu peito.

A chama da vingança consome a razão do homem mais razoável. Atenta neste humilde aviso.

Francisco, 11º D

Relatório de um Inquisidor



Relatório: Igreja de São Roque

Caminho em direção ao templo de Deus onde escondido sei que está o padre António Vieira.
Esse infame, que nos seus sermões questiona verdades inegáveis! Há que defender a justiça de Cristo, há que agir.
Mas eis que ao entrar nesta divina catedral, me paraliso com o esplendor que observo. De fora a catedral parecia simples e não muito convidativa, mas no interior…
Ai no interior… Ostentam riquezas por todo o lado. Em cada arco que vejo, descubro infinitos pormenores; relevo a relevo, os meus olhos caminham sobre as colunas com nervuras e efeitos vegetalistas, sobre todas as estatuetas, todas as suas feições.
Nunca tanto ouro vira em parede! No chão! No teto!
Anjos de mil faces cobrem a igreja, pinturas… que por detrás de cada história mostram cores garridas como vermelho sangue ou azul do mar, tantas sombras num só quadro hipnotizam a minha vista.
Todo o instinto sensorial que agora me percorre, invade a minha primeira missão de determinadamente banir António Vieira. Pois Virgens e santos parecem falar comigo, até o próprio Cristo… O Próprio Cristo sepultado me murmura, só depois percebo que é uma estátua.
Cada galeria desta igreja, tem uma história construída numa forma tão requintada e pormenorizada, que sem me dar por isso já quatro horas passaram e eu ainda especado permaneço no mesmo lugar.
 Compreendo então o amor que António Vieira tem a esta local, mesmo que pouco merecedor do mesmo.
Admito derrota enquanto admiro, uma última vez, o brilhante órgão que se encontra no piso superior. 
Posso ter sido iludido pelo esplendor de sua casa, pelo belo eco que a igreja de tetos altos tão bem projeta, mas mesmo que enganado, ao menos parto com uma imagem de beleza nos olhos.

Catarina Mauritti 11D

Oralidade


Leitura
O essencial
Voltando ao conhecimento – necessário, mas até que ponto? E a que preço? – uma história árabe conta-nos:
Um imperador mandou vir um homem que passava por ser o mais sábio do conjunto das terras conhecidas e pediu-lhe que redigisse uma obra que contivesse os conhecimentos essenciais.
O erudito deitou mãos ao trabalho, doze anos mais tarde, ofereceu ao monarca toda a série de volumes.
- É demasiado extenso – disse o imperador – Escreve os conhecimentos essenciais num só volume.
O homem obedeceu e voltou quatro ou cinco anos mais tarde com um único volume.
- É ainda demasiado extenso – disse o imperador - Sou um homem ocupado com todos os problemas do império. Escreve em poucas páginas o que consideras essencial e traz-me essas páginas.
O sábio deitou-se ao trabalho. Conseguiu, em dois ou três anos, meter a quinta-essência dos seus conhecimentos em algumas páginas, que ofereceu ao monarca. Este, particularmente ocupado nesse dia, pediu um último esforço: uma só página.
 Vários anos de trabalho foram então necessários ao homem para fazer com que o seu conhecimento coubesse numa página.
- Ainda é muito – disse-lhe o imperador. – Proponho-te uma coisa: não escrevas mais nada. Põe o essencial do que sabes numa palavra e vem dizer-ma. Recompensar-te-ei.
O homem retirou-se para um planalto árido e refletiu durante o tempo necessário. No fim, quando encontrou a palavra que encerrava todos os pensamentos, pediu audiência ao imperador, que já era um velho.
- Encontraste a palavra? - perguntou ao erudito.
- Sim, Majestade. Encontrei.
- Aproxima-te. Diz-me essa palavra em voz baixa, depressa.
O sábio aproximou-se do imperador, inclinou-se para o seu ouvido e murmurou uma só palavra. O imperador foi o único a ouvir e exclamou:
- Mas isso já eu sabia!

Oralidade
Viagens
Penso que toda a gente deveria ter na vida a experiência de viajar. 
Muitas vezes as pessoas dizem que não viajam porque viajar não é fácil, mas não ache que seja verdade. Viajar é uma coisa até bastante simples. O importante é organizar as coisas e encarar a viagem como uma possibilidade.
Viajar é um investimento para enriquecer a alma.
Na atualidade há bastante acessibilidade, o que é preciso é procurar todas as possibilidades até descobrir a certa para nós. Viajar é uma oportunidade única que temos na vida, penso que é uma dádiva que quando possível nos põe sempre o sorriso na cara.
O dinheiro não é um impedimento tão grande como as pessoas pensam, na verdade há viagens com preços bastante acessíveis, há novas oportunidades todos os dias.
E quem é que não gosta de mudar de ares de tempo para tempo? 
As viagens fazem-nos evoluir enquanto pessoas. Sempre que viajamos evoluímos, porque descobrimos em cada lugar um pouco de nós que nunca antes tínhamos conhecido (tanto psicologicamente como socialmente).
Pessoalmente, dá-me a sensação de abrir os olhos, como se até aquela altura apenas estivessem entreabertos e de um momento para o outro a visão à nossa volta expandisse de forma infinita. Os horizontes do pensamento desvanecem só para contemplar a paisagem do mundo toda de novo.   




Improvisação
O essencial num minuto
Num minuto diria que o essencial da vida está dentro de todos os uns minutos que vivemos.
Todas as imagens que captamos, todos os “agoras”, todas as frações de segundo.
O essencial num minuto, seria toda a sabedoria que agarramos por minuto, que fica connosco para sempre. Que marca a diferença em nós numa forma tão profunda, que passa a fazer parte da nossa definição enquanto pessoa.
Num minuto, esse essencial diz tanto para nós como sobre nós. É essencial!

Catarina Mauritti
11D

Sujeito Composto (brincar com a língua)



Eu e tu.
Eu e tu, que partilhamos sempre o mesmo caminho, a mesma frase.
Eu e tu, que se separados seriamos dois sujeitos bastante simples.
Eu e tu, que como se de mãos sempre dadas observássemos as mesmas imagens, os mesmos horizontes…
Eu e tu cúmplices em todos os momentos, em todas as alvoradas.
Eu e tu dávamos um livro.
Eu e tu temos cinco mil anos de vida.
Eu e tu, já viste? Eu e tu somos um nós, só que mais complexos que isso, somos compostos.

Catarina Mauritti, 11º D

Um índio


Pensamento do Índio depois de ouvir um sermão do padre António Vieira.

Índio
Agarro na terra. Enterro as minhas mãos bem fundo no interior da mãe natureza, esperando de olhos fechados  interligar-me a ela.
Pelo que o sábio disse, o sal, ou eu o tenho ou a terra mo entrega, logo, se unidos ficarmos, em UM nos tornaremos.
Enrolar-me-ei nas folhas, rebolarei sobre os vastos campos. Procurarei encontrar o sal, caso ele não me encontre a mim.
Talvez não seja peixe, sou apenas um homem. Talvez um dia me nasçam guelras…
Até lá apenas, pacientemente, esperarei.

Catarina Mauritti, 11ºD

domingo, 18 de dezembro de 2011

Um início de sermão à maneira de...


Início do Sermão



Oh Deus, porque haveis criado criaturas “não-humanas” quanto estas? Criaturas sem “dó”, mas deveras imponentes, criaturas severas, criaturas que não respeitam a humanidade! Se estas criaturas de Deus não contemplam o objetivo para que foram criadas, porquê e qual será a sua função neste mundo?
Ora, falando dos mais apáticos e ingénuos, esses sim, criaturas de pura simplicidade, criaturas verdadeiras, tal como a nossa Virgem Maria. Essas escondem a sua paixão no fundo das florestas, protegendo-as como se de irmãos se tratassem. Mas todo este louvor à mãe natureza é destruído e morto pelos mais “sábios”. Sábios, sim, os de raça “branca”, os que muita inteligência possuem. Tanta, mas tanta que o seu resultado está aos olhos do Senhor. Os que são intermediários, os que observam e se mantêm calados, constituem também um problema, visto que não encontram dentro de si mesmos a força necessária para o confronto entre os fracos e os fortes. Meus irmãos, sim, meus irmãos, venho transmitir a minha força para vós. Força essa que está do lado dos mais pobres, dos mais humanos. Vedes, com os vossos olhos arredondados “empoeirados”, o sofrimento dos nossos índios. Protejam e abracem este sermão, que para vós recito com todo o meu desagrado e tristeza pela humanidade. 

Catarina Pires, 11º E

Relatório de um inquisidor




Vós, que dominais os seus ouvintes e marcais o seu futuro com heréticas ideias, tendes a vossa fortuna dominada e marcada por mim, e sentenciada pelo santo tribunal. Deitou-me Deus a bênção que vos condenasse, de pavorosas ideias, e vos encaminhasse para o inferno donde saístes.
Por isso dirijo-me ao Santíssimo Tribunal e escrevo ao Grande Inquisitor.

 Vossa santidade, meu prestigioso padre e símbolo do Santo Tribunal.
Como vós rogastes, em 1642 no decorrido dia 5 de Fevereiro, a minha pessoa encaminhou-se em direção à Igreja de São Roque e assim me dispus para declarar a culpabilidade do padre e das suas ideias heréticas. Sobre a grande majestade de São Roque assim me deparei com um dilema.
Como? Sobre tanta graciosidade barroca pode um homem sentir tanta aversão e rancor? Como? Ouvindo palavras mais belas e perfeitas posso repugnar o seu pregador?  Ideias nobres sobre um chão de luz, tal voz prolongada sob um teto grandioso, e uma emoção tão cativante rodeada de uma arte magnífica, sinuosa, simples e complexa.
Hipnotizado pela luz incandescente na simplicidade do estilo maneirista e na ornamentação do barroco português. Talvez vossa santidade, tenha sido manipulado por forças de um demónio ou encaminhado em direção à luz por um anjo, pois tal milagre gracioso só poderá provir de tão bela arte, de capelas douradas, de tetos grandiosos como pantheon romano, tal altura que atinge os céus e eleva os fiéis a um plano de simples pureza e palavras poéticas e sensatas.
Livrai-me desta manipulação, pois eu sozinho não me domino e não consigo subjugar as letras, as sílabas, as palavras, as frases e os textos deste padre demoníaco.
Soltai-me destas amarras de ouro puro, pois quem mas prendeu, foi esse Padre António Vieira.     

Diogo Dias. 11º A

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Relatório sobre o Museu de S.Roque



Entrei naquela igreja  e estava decidido iria apontar todos  os erros  e heresias que aquele Padre faria . Porque não poderia ele ser um Padre como os normais ? Apenas citava a Bíblia , rezava e estaria tudo bem porque teria feito a sua função . Mas não , o Padre António Vieira , pregava sobre o que não estava autorizado ser dito.
Confesso que nunca realmente pensei na hipótese daqueles peles vermelhas serem ouvidos, nunca  nos fizeram pensar realmente sobre isto  e por isso parecia um pouco disparatado dar ouvidos a um selvagem .
Sentei-me no último banco, ao fundo da igreja de S.Roque, que estava cheia de gente para ouvir os  tão famosos sermões que faziam toda a gente pensar .
Enquanto o Sermão não começava, olhei de relance para o teto como quem parecia aborrecido, mas fiquei surpreendido. As pinturas eram tão realistas , os detalhes , as cores todos os elementos daquela igreja eram fascinantes . A riqueza, o pormenor   deixaram-me boquiaberto. Tinha de admitir aquilo sim era arte .
O sermão começou ,começou como todos os normais , até aí não havia problema nenhum. Mas depois começaram os problemas , aquelas criticas todas seria a primeira coisa que apontaria no meu caderno, se não visse o quão correto estava .
Este padre não era nenhum herege, mas sim um homem com um dom não só da palavra, mas da antevisão do futuro. Tudo o que ele dizia levou-me a  refletir. Pensei nas atitudes do ser humano, nos trabalhos alheios que eliminei e sobretudo na igualdade .
No fim do Sermão levantei-me e nunca  me tinha sentido tão tranquilo e tão pensador. Dei um passo em direção à porta e pensei:” A partir de hoje , irei tornar-me numa pessoa melhor .” Sem pensar duas vezes rasguei o meu papel que mais parecia uma lista infindável de tarefas e percebi que não mais voltaria a ser assim. 

Mariana Araújo, 11º E

Um colono


Eu, sendo um dos tantos colonos.
Cabe-me a mim dizer e poder discutir o quão ridículo foi aquele sermão do então ridículo padre Vieira, que antes sequer de se pôr a difamar e a argumentar sem argumentos, deveria tentar perceber que se há aqui sal que (não se) deixa salgar e que é corrupto, então esse sal é ele e os seus. Porque se houve aqui alguém que fez com que a riqueza se tornasse um conceito socialmente conhecido, esse alguém fui eu e os meus semelhantes. Não devia, sequer, ser assunto de discussão o facto de a comunidade Índia, essa, pensar em ter direitos! Direitos esses semelhantes aos meus! Eu, que em nenhuma circunstância me assemelho a eles! Direitos, esses, só devem ir até aos cães.
Tudo o que fiz, faço e pretendo vir a fazer, jamais foi pensado somente em benefício. cada um, nasce como pode, foi Destino, foi Deus que assim o ditou, foi Deus que fez os escravos para servirem os Homens, esses e aqueles dignos. Sim! porque nós, os colonos somos os verdadeiros mensageiros da fé para os ouvintes, não é cá, este padre, que veio difamar as crenças com séculos de existência, que agora, se acha Deus na Terra e como tal ocorre-lhe, então, o absurdo de defender aqueles que nem considerados Homens são.
Suposto é o meu sal ser o sal da sobrevivência, aquele que alimenta e que sacia! Esse é o que não corrói mas não se deixa corroer! O único sal, pouco digno, existente, é aquele que pertence ao conceito da cambada de difamadores por aí alojados, algures, na Terra. É, Isso sim. Estas são as palavras proferidas pela única definição de Homem que alguma vez, na História, se deverá conhecer.

Mariana Cirurgião Ferreira 11ºE nº19

Treino de oralidade

Leitura:
Palavras Cínicas - Albino Forjaz de Sampaio, 8ª Edição
"Ai de ti se acreditas em alguém ou em alguma coisa. A Esperança é como uma teia de aranha. Se lhe tocares desfaz-se-te nas mãos.
Tudo no mundo vai pelo pior possível. Disseca uma por uma todas as ideias, todas as palavras, todos os sentimentos e vê que podre não é tudo aquilo. Disseco-me a mim mesmo, e de tudo isto só achei egoísmos, vaidades, secura e aridez. Tudo mentira, tudo convenção. O Bem é uma convenção, o Amor é uma convenção.
É por convenção que eu te digo bom quando tu és um negreiro; honrado, sabendo-te infame; amigo, quando tenho a certeza que, certo da impunidade, me esfaquearias no escuro de uma viela, imperturbável.
O que és tu? Um egoísta. Egoísta nos sentimentos e na torpeza, na fuga e na vaidade. Tudo tu fazes por egoísmo. Se tu tivesses tanta fome como tua mãe e só houvesse uma côdea a disputar, tu espancarias a pobre velha para lha roubares. Vamos ao caso que lha davas? Que preferias morrer de fome? Se o tinhas feito é porque isso te satisfazia, te enchia a vaidade de morreres por alguém - tu que és o maior egoísta que o sol cobre.
Que tu dás a vida por mim, que tiras da tua boca para dares à minha?! Egoísmo, tudo egoísmo. Se o fizeste foi porque isso te deu prazer e nada mais.
Compaixão? Porque hei-de eu ter compaixão de ti? Sofres? Muito bem. mata-te."

Dissertação:
Vivemos a vida em 450.000.000.000 mil milhões de piscadelas de olhos, facto cientifico.
Depois de refletir sobre esta curiosidade que pelo menos a mim me fascinou, lembrei-me que desde pequena, professores, amigos, pais, restantes familiares, me vêm dizendo que não se deve dizer "não gosto" mas sim "não aprecio" (ignorância minha que não devo ser conhecedora da definição de ambos os conceitos), dizem-me ainda que, só depois de provar ou de saber o que realmente algo é, é que posso definir a minha sentença. Ora, se isso se aplica para a comida, porque é que não se aplica para os seres vivos, aqueles que desfrutam do ar como fonte de vida?
Não entendo ainda como posso eu sequer sentenciar algo ou alguém, se durante toda a minha vida nestes 450 mil milhões de piscadelas, por meras frações de segundos em que fecho os olhos, há um impedimento de viver a vida por completo, por isso, já que nunca iremos presenciar sempre um todo, nunca poderemos discriminar ou simplesmente afirmar que não gostamos.
Não passamos de simples ignorantes que nada sabem, por isso sempre que na flor do momento vos vier à cabeça de não gostam seja do que for, mudem o pensamento e substituam esse "Não gosto" por um "Não Conheço". 
E é este o esqueleto da vida. Esqueleto este que como tudo sofre uma metamorfose, evoluindo.
E a vida? seremos nós conhecedores dela? De uma coisa sei eu, todos somos iguais, todos inspiramos, todos sustemos a respiração e todos expiramos, é um facto.
Associando esta inspiração como um ponto de partida, como uma porta aberta, para o mundo do conhecimento, sabemos que aqui é a vez da oportunidade, é onde tomamos as escolhas que revestem o esqueleto, é aqui que damos o primeiro passo para o futuro, encarando então este desconhecido como o suster da respiração, este suster do ar, é sem dúvida, a fase mais marcante da nossa vida, fase esta que normalmente nos define, que constrói a nossa silhueta, mas esquecem-se, esquecem-se que por baixo de toda esta camada meramente estética ainda continua o esqueleto, aquele que somente se divide em três partes, aquele em que todos nós somos iguais. Por fim, ou não, acabamos com uma última expiração, um último batimento cardíaco, e é no fim, onde normalmente toda a gente quer acabar em grande esplendor, que nos resumimos à insignificância, é aqui que todos voltamos ao que éramos, a silhueta desmancha-se, o nosso revestimento desfaz-se em pó, e nós, nós somos o esqueleto que sempre fomos. Por isso não julguem e não discriminem, porque nunca podemos avaliar a vida como um todo, não se esqueçam que fechamos os olhos 450 mil milhões de vezes!

Improvisação:
Tema: E se não inspirássemos?
Se não inspirássemos, o que seriamos nós? Seríamos o nada ou o tudo! Se não inspirássemos, também não conhecíamos o ar e também não expirávamos, se assim o fosse, qual seria o sentido da vida?
Sendo o inicio considerado o ponto de partida, se não executássemos esta primeira etapa da vida, aquela que nos oferece as pernas para andar, então era sinal que a porta estava fechada, que o mundo do conhecimento nos tinha ignorado ou simplesmente não existia! Mas como toda a gente inspira, toda a gente que que vem ao mundo usufrui do ar uma primeira e ultima vez, então só posso concluir que por muito ou pouco tempo que se viva, todos desenham a sua própria história, todos a moldam, seja por 100 anos de vida, seja por 1 minuto de vida. O tempo é elástico, mas quando o nosso prazo de validade expirar, iremos dar mais importância aos centésimos de segundo, porque levamos a inspiração como uma etapa garantida, que não é! E é por isso que quando ponderam a hipótese de não inspirarmos eu concluo que, se não inspirássemos, o ciclo não existia, nós não existíamos. 
Mas e agora? Será que não existimos? Será que a minha inspiração foi falsa, e em vez de estar a pensar usufruir do esqueleto da vida, provavelmente estou apenas a passear a minha silhueta e a minha sombra. Terá a minha sombra me substituído?
Mariana Cirurgião Ferreira, 11º E

Relatório

Joana Almeida nº 13 11º E 


Toda a minha intenção era chegar perante aquela Igreja e conseguir alguns argumentos que levassem aquele Padre ao tribunal da Inquisição. 
Ele tinha acabado de chegar e diziam ser tão bom, mas tão bom não poderia ser, digo eu. Mas no momento não sei se caí de joelhos a ouvir-lo pregando ou se foi de toda aquela beleza que a Igreja transmitia. 
Levantei o meu pé suavemente para a frente, como tinha feito aquele caminho todo, mas quando toquei naquele chão dirigiu-se uma luz ofuscado-me os olhos de toda a maravilhosa "paisagem", de todo seu ouro e cor lindíssima que me encantou logo ao primeiro minuto de postura naquele local. 
O lápis e o pequeno caderno que suportava nas minhas mãos caíram no chão. De estar tão paralisado ouvi o som dos mesmos de uma forma profunda a caírem ao meu lado. Se toda a gente tivesse assim, paralisada, ouviriam aquele som a mil metros de distância. 
Não me conformei com aquela beleza toda e movimentei a minha perna ligeiramente para a frente, rodando a minha cabeça e o meu corpo para olhar em meu redor, como se estivesse louco ou até mesmo apaixonada. E sim, apaixonei-me de uma forma intensa por toda esta beleza. As pinturas a óleo que a sua nave continham fizeram meus olhos brilhar. Nos dois púlpitos existiam estátuas de mármore branco que me fizeram abrir ligeiramente a boca de tanto encanto, todas aquelas figuras religiosas que eram homenageadas por toda a parte da igreja e no fundo mexiam com os meus sentimentos. 
De certa forma todo o estilo barroco e maneirista esta ali exposto, as talhas douradas, as pinturas, os azulejos...
E ouvir todas aquelas palavras, aquele sermão ainda deu mais encanto a minha visão.

Visista de estudo: relatório de um inquisidor



Não sei o que me espera. Não sei se conseguirei encontrar palavras verdadeiras para incriminar o tão famoso pregador. Este meu envio é imoral, vim com o intuito de incriminar o Padre António Vieira perante o tribunal da Inquisição, portanto é-me difícil demonstrar uma opinião verdadeira sem eu próprio me sentir pressionado. Ao avistar a Igreja onde Padre António Vieira pregara, Igreja de S. Roque, fiquei admirado com a sua simplicidade e austeridade. Ao entrar calmamente na Igreja não conseguia acreditar que tal exterior, que teria visto um minuto antes, pertencia ao mesmo espaço que os meus pés pisavam. Senti-me pequeno. Não por a igreja ser alta, nada de todo comparada com as igrejas que já tinha visitado, mas pela sua riqueza, a sua decoração, a sua alma… Parecia que o mundo estava todo ali naquela sala, tão complexo e simples ao mesmo tempo, e eu parecia um grão de areia, insignificante, mas não o era, o futuro de Padre António Vieira estava nas minhas mãos.
            Lembro-me de não escrever e de não pensar em nada enquanto Padre António Vieira pregava. Estava hipnotizado. As suas palavras pareciam o ondular das águas do mar, umas vezes suaves e outras revoltas e vivas, tal como o movimento curvilíneo da igreja. Deixei-me levar pelo tom das suas palavras como um barco a naufragar. Estariam a criticar-me? Não duvido, pois parece que sou mais um dos “peixes, que se comem uns aos outros”. Decidi retirar-me logo a seguir a Padre António Vieira terminar de pregar o seu Sermão de Santo António aos Peixes, pois reparei que não era digno de vislumbrar a grandiosidade da Igreja de S. Roque, mas ainda guardo na memória o enorme conjunto de pinturas a óleo, talhas douradas, e de painéis de azulejo que era realçado pela luminosidade que a igreja proporcionava.
Daniela Esteves, nº8, 11ºE

Visita de estudo: relatório de um inquisidor



- Não posso! – Pensei eu enquanto aguardava o silêncio dos ouvintes para começar o sermão. Mas não fui capaz nem sequer de me recordar de uma única das suas palavras.
Apenas me saiu do fundo do peito as seguintes palavras:
“Aqui respira-se arte. Respira-se esplendor! Basta-nos olhar para a as talhas douradas aqui presentes que a nossa alma é invadida de pureza. Já para não falar de todos os santos cá presentes, são de facto a melhor manufactura que vi até entao. Esta amplitude faz-nos voar e pairar sobre toda esta estrutura maneirista. O mármore… As telas… Os painéis dos azulejos meus ouvintes! Já reparam na virtude que é estar aqui; aqui nesta igreja, que não é uma simples igreja, é de facto um espaço cénico e que ganha vida com um simples profundo olhar.
Deem graças ao grandioso Filipe Terzi, arquitecto que fez deste local, um cenário brilhante, realçado pelos jogos de claro/escuro maneiristas e pelos cuidadosos efeitos de iluminação das pratarias.
Reparem o que seria adormecer a contemplar o medalhão presente no tecto. Acordar e contemplar o estilo barroco da capela do santíssimo. Reparem! Seria uma dádiva.
Mas lamentável é dizer que talvez tenha sido a primeira e a última visita a este espaço. Dos cinco sentidos que todos temos, levo do olfato o cheiro da igreja assim que dei o primeiro passo, levo do tato apenas o puro ar que me passa pelas mãos como cetim, levo da visão … ai a visão… levo todo este dourado, este mármore e azulejos, e finalmente do paladar, levo o sabor que ganham as palavras referidas a tudo isto, porque até elas ganham outro sentido.

Mariana Santos, Nº21, 11ºE


domingo, 11 de dezembro de 2011

Reflexões de um pregador antes do sermão


Reflexões.

        Pregue ou não, de muito não me serve, quem não ouve uma, não ouve as outras. O Homem não quer ser salgado, por isso não se deixa salgar. Que poderei fazer a algo que não me deixa salgar? E se devo desistir, porque não o farei? Pregador que se preze não desiste da doutrina. O Homem não me ouviu, o peixe haverá de ouvir! E se o peixe não ouvir, outros animais haverei de encontrar, deixar a doutrina é que não vou deixar! Pregador que se preze é isto! É este que não desiste da doutrina, seja a audiência difícil ou não, seja difícil ou não tal cousa! Um pregador não deve deixar de salgar! Salgue ou não, aconteça o que acontecer!
               
                                                              Andreia, “Andy”, nº4 11ºD