quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Diário de uma Aula um pouco exaustiva



Fraco de memória como sou, deixa-me ver se me lembro. Eu acho... não tenho a certeza!...Sim!... nós entrámos na sala, de certeza! Sentámo-nos (óbvio!) com a Sofia a dizer algo inapropriado e eu a sorrir para não parecer mal e a pensar: “Amanhã é a ficha d’Os Maias!”...

A Profesora estava engripada nesse dia e por isso a aula foi mais calma. Alguém fez a habitual apresentação oral, ou será que foram duas... não sei!... decerto houve, pelo menos, uma apresentação com um tema de improvisação completamente inesperado por parte da professora; nestas alturas eu penso sempre “O que diria se ali estivesse”...e depois “ É muito fácil eu pensar mas estar ali é bastante diferente” e relembro “Amanhã é a ficha d’Os Maias!”...

Enquanto eu quase arrancava a pele da cara e o cabelo da nuca a pensar na ficha, a professora ia fazendo alguns apontamentos sobre Eça, que sinceramente não ouvia muito devido aos nervos. Nervos... a pensar... e cada pensamento cada vez mais forte quando palavras tais como “Eça” e “Maias” eram pronunciadas.

A partir mais ou menos das dez para a uma, a minha ansiedade misturava-se com uma profunda vontade de comer, que pensando bem, já não comia desde as 6:45 da manhã, quase imaginava um belo prato com umas batatas um bife e lá escrito “Os Maias”, os Maias... outra vez esta ansiedade devido à ficha no dia a seguir...

Pouco antes de tocar, a professora alerta que os rapazes têm de fazer o diário de uma aula e eu pensava “Já não basta a ficha d’Os Maias!”. Eu repleto de nervosismo e quase já de irritação, mal sabia que aquela assustadora e horripilante ficha não teria lugar no dia a seguir, pois a professora faltou...



Diogo Dias nº9 11ºA

domingo, 16 de junho de 2013

Diário da aula ao jeito de uma receita



Para elaborar a aula daquele dia, é necessário um ingrediente principal: a Questão Coimbrã.
Modo de preparação:
1º passo – Separe o Romantismo do Realismo Português (q.b). Para os distanciar relembre-se que o primeiro revelou um desgaste de temas e de formas que não estavam de acordo com os ventos renovadores da Europa. O segundo, por sua vez, transpirava os ventos que corriam da Europa.
2º passo- Descascar a sensibilidade ultrarromântica de António Feliciano de Castilho, de Lisboa, que transmitia uma influência literária a diversos escritores que o consideravam como mestre, como uma autoridade. Lembre-se de introduzir o pouco que resta dela, aos poucos.
3º passo – Introduzir a escola de Coimbra, dirigida por Antero de Quental. Lentamente misture-a com a Questão Coimbrã e com os restantes elementos necessários
4 º passo – depois de introduzir a Questão Coimbrã, faça surgir um segundo elemento, a Geração de 70 que vem acompanhada com Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga e Eça de Queirós.
5º passo – Destes passos, vão surgir as Conferências do Casino. Esteja atento (a) pois estas são bastante importantes e requerem atenção ao seu conteúdo individualizado.

6º passo – por fim, despeje tudo para um recipiente e leve ao forno por cerca de alguns anos, e no final terá o belo resultado de uma corrente literária bastante importante para o nosso país. Quando pronta, desenforme-a e aprecie todos os seus detalhes. Bom apetite!

O sarau


No Sarau tudo estava calmo. A música clássica ecoava junto das paredes da imensa sala, transmitindo uma sensação e experiência sonora única. Um pensamento de melancolia e prazer momentâneo surgia na mente dos ouvintes, dos que escutavam atentamente aquela maravilhosa melodia. Carlos e os restantes acompanhantes faziam-se vítimas deste pecado audível. Um pouco depois do início do sarau, estes viram-se obrigados a interromper o momento que a todos era agradável, resultado do discurso inconveniente e frio de Dâmaso:

- Ah…já havia saudades destes momentos de sossego mental, de puro prazer para os meus funcionais ouvidos! Não acha Sr. Maia? Pois eu, sempre que me era permitido ia lá em Paris assistir a muitos destes eventos. Eventos, mas não eventos assim…estes aqui são, como hei-de dizer…pobrezitos. A qualidade de pessoas não se compara à qualidade parisiense. Lá as pessoas vestem-se como se não houvesse o dia de amanhã. Trajes chiques, modernos, feitos por costureiras de renome das maiores e melhores casam francesas. Ah!, e para não falar que cada mademoiselle tem o seu chien. Mas não são cães daqueles de cá de Portugal, não…não são rafeiros alentejanos. São cãezitos peludos cujo tamanho permite às senhoras que os carreguem a seu colo. Sim, porque lá é permitido ir às óperas e aos saraus com animais, nomeadamente ao colo. Enfim, é uma questão de superioridade e de princípio. Coisas que este país não entende. As melhoras são o que eu desejo a Portugal, mas até estas surgirem, irei com todo o meu gosto e prazer visitar o meu tio a Paris. Aqui entre nós, não é só por causa dele que vou àquela terra. Vou lá para gozar e aproveitar os ares. Ah e ainda não falei das… - Dâmaso não continuou mais o seu discurso. O grupo de pessoas que se situavam no camarote de cima esqueceram-se das maneiras da época e com um grito uníssono mandaram calar Dâmaso. Posteriormente, o sarau continuou como era suposto. Rico em música soberba, sem quaisquer outras distrações. 

Catarina Pires

Resposta da Mulher Citadina a Cesário Verde



Por muitos sou julgada. ´
Por usar as últimas tendências.
Dizem que não sou nada
Nada sem a minha imagem
Mas na verdade, não existe ninguém
Que me conheça verdadeiramente
Nos dias de hoje não há mais
Discriminação acerca do estilo
Acerca da maneira de vestir
Mas será que isso é verdade?
Por que razão (in) conscientemente julgam
Adequam ideias ao conforme a vontade?
No que diz respeito à minha pessoa
Sem sequer demonstrarem interesse
Em conhecer o que se encontra
Para além das vestes?

O silêncio me responde.

Catarina Pires, 12 E

Almoço e Sarau


Almoço com Eça

Como de costume, vou almoçar com Eça em sua casa. É o que  normalmente acontece nos dias da semana. Eça chega a casa por volta das onze e meia e o almoço é servido ao meio dia.  
E é intercalado entre carne e peixe, dia sim, dia não.
Hoje vai ser servido o célebre cozido (à portuguesa) e o incontrolável cheiro já percorria os corredores, e começara agora a penetrar na sala de jantar, que é onde almoçamos todos os dias de segunda a sexta, na grande mesa da sala de jantar, apenas os dois, numa partilha de histórias e acontecimentos.
E assim ali ficamos, até Eça se aperceber das horas e saber que teria que se ir embora o mais rápido possível, porque precisava de se recolher durante um curto espaço de tempo, enquanto fumava o belo do seu cigarro.
Pouca coisa mudou em tanto tempo que passou, já nos conhecemos há uns quarenta e cinco anos. A agitação, confusão, alegria, euforia começou exactamente quando Os Maias chegaram a esta casa,  seguido de um som que se tornou habitual, o som das folhas passadas, o som das folhas rasgadas, o som da tinta a cravar o papel, a grossura da tinta quase como um cordel.
Acabando de almoçar, já sabia o que me esperava, Eça iria contar-me todas as novidades e todos os acrescentos da grande história d'Os Maias, tal como lhe pedi.





Escrita Emocional– Trabalho escrito com música da época :


         -Cheguei!!
         -Oh meu Deus, repare no volumoso casaco de pele daquela mulher!
         -Isso é porque ainda não viu o grandioso chapéu daquela.

E eu (Carlos) pensei para mim:

Interessante..
Onde o azul do céu estrelado ,
Se dissolve no nosso horizonte,
Com o branco sujo das ruas, e que rima com o amarelo brilhante do interior dos grandes e dos expansivos palacetes, onde os prédios todos alinhados tornam esta vista magnifica, até para mim que passo por aqui todos os dias! Cheios de gente aperaltada, com enormes vestidos e cabeleiras com respectivas combinações de jóias, em que de longe não se percebe que somos todos diferentes, porque nos encontramos num mar de gente.
Onde milhares de vozes e risos preenchem a minha cabeça, mas que de repente, quando vemos a pessoa que provavelmente procuramos, ou que pelo menos gostaríamos de ver, faz-se um enorme silêncio na minha cabeça, e parece que se abre um caminho no espaço que me liga a esse alguém, no meio daquela infinita gente.
Mas se me questionar, porque estou aqui?

Não sei bem, talvez seja porque fica bem...

Um encontro que não se deu

Numa conversa com Eça, Cesário dividia tudo o que havia por dividir. Eça aconselhava-o no que tocava ao apuramento do seu realismo, ambientes fantásticos e humanização da natureza.
Cesário era o puro naturalista e defendia muito bem as suas características .
Mas Eça não desistia, aconselhava-o profundamente e Cesário não enganava que todos aqueles conselhos lhe chamavam à atenção .. Ambos não sabiam que a publicação mais tarde não iria ser realizada, mas empenharam-se e confrontavam ideias.
Eça, possuidor de um apurado sentido critico e de uma visão profunda da sociedade que tão bem descreve e analisa nos seus romances. "Tal como em Eça, as obras de Cesário Verde contêm elementos românticos, naturalistas, impressionistas, irónicos e realistas, daí serem consideradas réplicas poéticas do realismo queirosiano" .
Será que Cesário ouvira os conselhos de Eça? Provavelmente sim, pois busca o seu sentido crítico e descritivo dos objetos.

O Sarau

Sarau

Neste dia, esquecido por tantos, mas memorável para  tantos outros,  a música aumenta, atinge um volume ensurdecedor. As pessoas permanecem caladas desde o princípio do espetáculo, olhares desconfiados são refletidos por mais de uma centena de espelhos naquele enorme salão repleto de encruzilhadas e drapeados de um dourado mesquinho. Homens de preto e bem encamisados, mostram-se a quem os quer ver, as senhoras revestidas por todos os tipos de bijutaria alcançável no corpo humano, ou como alguns lhe chamam, o esqueleto.                                                          
O espetáculo vai a meio, hoje parece-me interminável, no palco avistam-se pessoas, que lá por gosto não se cansam, não era para mim, eu cá me desenrasco relatando o que de mais interessante isto tem. Os velhos curvados, tão cansados quanto eu, já só avistam o final, tombando a cabeça de vez em quando e levantando-a muito rapidamente com receio que alguém os  tenha visto, olham em volta e recompõem-se, na fila da frente e especialmente lá em cima o entusiasmo é outro, não era de esperar, com tão boa vista, tratam alguns senhores de apontar certas notas clandestinamente referindo assim o que de pior este espetáculo tem. Dando ao espetáculo não uma prova de confiança e liberdade, mas sim um desprezo e uma desconfiança que assustam tantos, como eu, referindo ao jornal de amanhã  que o espectáculo sofreu recaídas, algumas bem graves. Isto preocupa-me, o valor do espetáculo é constantemente posto em cima da mesa e espremido até aos limites.                                                                      Decerto, torna-se difícil avistar algo tão bom, o espetáculo, livre, transpirando emoções de forma clara, por vezes é posto em causa por meia dúzia de palavras.






José Rafael Mendes Nº13 11ºA

Uma reflexão construída com excertos de textos literários lidos na aula ao longo do ano

Nome: Joana Tomás Ferreira
Número: 16
Ano e turma: 11ºD
Tema: Reflexão sobre o meu percurso em Português, este ano.


Borboleta, flor ou borboleta flor?
‘’Era tudo sem sentido’’. Não percebia nada. ‘’Absurdo’’. Nem o motivo, nem o objectivo. ‘’Pus-me a rir’’. Aconteceu-me no início do ano, ‘’porém daí não me vinha tranquilidade, mas sim tormento’’. Para mim ‘’a borboleta era apenas borboleta e a flor apenas flor’’. Como me podiam agora pedir para descrever uma borboleta como se fosse uma flor? ‘’Por momentos acreditei que o camião se tivesse virado’’. O meu camião, o camião de toda a minha aprendizagem ‘’cinzanulenta’’. ‘’Vi ruir um império próspero e ordenado’’, pensava eu, ‘’como o dos Aztecas, invadido por um ser incompreensível, armado de instrumentos de morte jamais vistos’’.
 ‘’O que acontece afinal é que a rua estava de pernas para o ar’’. Pelo menos para mim. ‘’Acontece!’’. E assim que encontrei e segui um caminho, o meu caminho. ‘’Despi-me dessa coisa insignificante a que chamam Eu e tornei-me num mundo imenso’’, a começar pelo meu diário literário, ao qual decidi dar o nome Um Mundo de Cada Vez... E ‘’o meu apetite começou a devorar a terra, deixando para trás o deserto’’, terra esta onde cheguei a ‘’esculpir em madeira budas de eterno sorriso’’.
E com tudo isto, descobri que ‘’se há talentos para a corrupção, haverá também talentos para a correspondente vacina’’. A vacina do intelectual e do introspectivo, do bonito e florido ou do frio e duro. Enfim, a escrita. Pois apesar de os tais corruptos ‘’terem poderes que parecem para além do humano, (...) não se pode excluir uma superioridade da nossa parte, talvez capaz de equilibrar a balança. Quando os levamos a visitar as maravilhas da nossa capital, a sua estupefacção é sempre tão grande! O verdadeiro triunfo é nosso...’’.
Com toda esta história da importância da correspondência entre a aula e a vida, a verdade é que todos nós, cada um à sua maneira, acabámos por descobrir que ‘’por fim talvez sejamos todos irmãos’’. Como se ‘’o fim do mundo estivesse aqui suspenso, e entre todos os acontecimentos extraordinários de que a nossa vida foi testemunha, o mais extraordnário é que tudo continua na mesma’’. Tudo está interligado e nada, nada ‘’se desmoronou’’. O mesmo ‘’vento que deu o sopro da vida aos nossos avós, também acolheu os seus últimos suspiros’’, verdade? E não há nada mais importante do que reflectir sobre essa ligações.

Porém ‘’a minha coragem é como os chifres do caracol, só saem da boca para fora’’. E se isto parece conversa de profissional ou conversa de 20, a verdade é que a conversa é de profissionais e a minha de 17.

Poema narrativo

E então riste amargamente
Olhaste-me de negro
Alta e cruel levantaste-te de repente.

Levando a cara à mão
Viste que me quebraste
Quando o meu retrato provaste ser borrão

Lugubremente uma lágrima escorreu.
Na tua face agora pálida -  verde.
E o brilho nos teus olhos morreu.

Levanto-me da cadeira
Sacudindo as calças, miro-te
Enquanto a tua expressão se começa a assemelhar a madeira

Nos olhos não te atreves a olhar-me
Hipócrita.
Antes não parecias importar-te atravessar-me.

Voando pela sala, desenho um sorriso
Ansioso, satisfeito. Concretizado.
Não me esforçando por conter o riso.

Os meus pés desenham círculos à tua volta.
Reviras as cara, massacras-te.
Vejo o seu esforço quando um suspiro solta.

E então levantando-se, abocanhou a mala
Chorando até à porta, sucumbo os dedos aos olhos
E num adeus despediu-se da sala.

A porta fechou-se mansamente
Para não causar mais estragos
E eu, de contente, ri violentamente.



Tomás Neves 11ºa nº 25

Trabalhos vários; com Eça e Cesário pelas páginas

“O Sarau” (pelos olhos de Rosa)
Estava no Salão com a minha mamã naquela noite. O Salão estava sobrelotado, o teto era de um tom de esmeralda fria e marmórea. As paredes estavam vestidas com quadros renascentistas e com um papel de parede amarelado com tons de mostarda.
Agarrei-me às saias da mamã para não me perder ou ser arrastada pelas pessoas passantes.
-Rosa, não saias daqui, sim?
- Sim mamã.
As cortinas vermelhas abriram-se, todos batiam palmas enquanto um senhor alto, esguio, de fato preto, se sentava à frente do piano. Dali nasceu uma melodia calma e triste que encheu toda a sala de um ambiente tranquilo. Todos escutavam com atenção, olhando para o pianista através dos seus monóculos.
A melodia abrandou e evaporou-se no ar, o pianista levantou-se, fez uma vénia e despediu-se, saindo do palco nos seus sapatos brilhantes.
- Gostaste Rosa?
-Sim.
Atuaram mais três senhores, todos mais velhos do que o primeiro, mas a sua música era mais agitada e furiosa. Deixavam o ouvido inquieto.
Saímos do Salão muito tarde, agora a noite até parecia silenciosa.


“Resposta da Frígida ao poema de Cesário Verde”
Como ousa este poetazinho ofender-me?
Que cousa fiz eu para merecer tal fama?
Venho por este meio defender-me
Do homem que nunca ama.
Segue-me pelas ruas do Chiado
Na esperança de algum reconhecimento.
Não censuro por ter olhado
Mas cuidado, com o meu temperamento.
Repare, não tenho medo de si,
Mesmo quando o vejo ao anoitecer.
A minha boca ainda sorri
Enquanto a sua visão pode esmorecer.


“Cesário verde, o fugitivo”
-Oh não! Fui sugada pelo livro de Português! Mas onde estou? Fui parar ao Chiado do século XIX!
Olho para um lado e para o outro, vejo casais passeando descansados. Reparei num homem encostado numa esquina com um bloco e lápis na mão e escrevia freneticamente enquanto olhava para as pessoas.
-Cesário! Cesário! Fiquei presa nos teus poemas e não sei como sair daqui!- gritei eu dirigindo-me a ele.
Assustado e surpreendido começou a correr rua abaixo, fugindo de mim.
-Cesário espera! Preciso da tua ajuda!
Tentei segui-lo, mas perdi-o num cruzamento. Encontrei uma senhora alta e bela, de vestido luxuoso.
-Minha senhora, viu por onde foi Cesário verde? É um homem alto, magro, de cartola e tinha um bloco na mão.
-Vi o poetazinho sim. Foi por aquela rua. Se o encontrares, diz-lhe para parar de me irritar e andar atrás de mim, sim? Não tenho tempo nem paciência para essas coisas.
-Obrigada!- respondi, já a correr pela Rua do Ouro.
Dobrei a esquina e lá estava ele a tentar recuperar o fôlego ainda meio desnorteado.
-Cesário só preciso da tua ajuda para voltar a casa!
-Largue-me, deixe-me em paz que não a conheço!- gritou, desatando a correu outra vez.
Para poeta até corria bastante rápido e para meu azar, dez minutos depois, perdi-o novamente! Deambulei um pouco pelas ruas, a ver se o encontrava, mas nada…
Olhei para um prédio e reparei numa senhora de ar tristonho a engomar roupa junto à janela.
-Desculpe, minha senhora! Viu passar por aqui um poeta corredor? Preciso de falar com ele!
Ela olhou para mim, surpreendida por alguém falar com ela e respondeu-me:
-Vi sim, menina. Ele é meu vizinho. Penso que acabou de entrar em casa. É essa porta verde aí à frente.
-Obrigada!
A porta que dava para a rua estava destrancada. Subi até ao 3º andar e bati à porta.
-Quem é?
- Sou eu, Cesário, o teu amigo Silva!- respondi, fazendo voz grossa.
Ele abriu a porta e eu entrei de rompante.
-Cesário ajude-me! Preciso de sair deste poema e voltar para casa!
Muito relutante, escreveu-me um poema mais moderno e mandou-me lê-lo. Era tão grande, tão grande que adormeci!

Quando acordei, estava em casa.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Sarau



- Champagne Monsieur?
- Obrigado! – e delicadamente pego no pé do copo e dou um golo.
Transpondo uma portada de madeira segura por um criado, entro num salão minuciosamente decorado com peças de arte e revestido por padrões e cores do séc. XIX, num canto um piano toca... Verdi... O salão é invadido por um ambiente de requinte, de pensamentos, ideias, opiniões...
Homens eruditos preenchem o espaço e cultivam a cultura geral e o espírito crítico em seu redor, pequenos grupos de homens sentados em poltronas, em pé ou recostados nos móveis ou no piano, onde toca agora Wagner... oh! a imensidão do salão, as cores, os candelabros, os casticais, os móveis de mogno, o champagne, as conversas, os empregados, a comida, a instrução, o lazer, tudo em meu redor, oh! A força e rapidez da música de Wagner enrolam-se-me na cabeça, numa espiral de emoções e sensações.
Melodia de Chopin... que leveza e calma... uma conversa erudita, os empregados movendo-se e servindo silenciosamente, a luz ténue das velas, o salão permanece durante uns momentos silencioso apenas com a melodia a tocar, como se toda a sala se encontrasse agora num plano quase místico... Uma dança de tecidos, a valsa floresce e ocupa a área...
Sentado num cadeirão tudo observo, o jogo, a dança, a música, os intelectuais, os artistas, a festa repleta de torres de champagne, bolos, exuberâncias e tentações. (Obrigado Bethoven por esta última parte)

Diogo Dias nº9 11ºA 

O Sarau ao som da música



Sarau
"Va pensiero" – Verdi
Está uma noite como todas as outras em Lisboa. As árvores agitam-se ao som do vento que nos entra nos ouvidos e nos faz ouvir um “ruidinho” sinistro característico da noite. As ruas estão, como sempre, escuras, todas as janelas estão fechadas para que os gatos rafeiros não entrem de surra. A calçada a esta hora está sempre suja e cheia de pontos feios onde demonstra a idade que já tem. Lá vai o Sr. Horácio a sair do café com as suas 10 ou mais canecas de vinho; quando chegar a casa tem a sua mulher sentada no sofá com o rolo da cozinha na mão ou com a panela onde faz os seus maravilhosos guisados.
         Começo a ver a entrada do Sarau, aberta e robusta, pintada de vermelho intenso como se chamasse a população para ouvir as maravilhosas músicas que ali passam.
         Entro elegantemente, arrastando meu vestido azul-escuro pelo tapete vermelho. Sento-me no melhor lugar que aqui está e olhando em redor deparo-me com o olhar de Carlos. Logo descruzámos os olhares, como se fosse um arrepio na espinha olharmo-nos fixamente.
         Minutos depois começo ouvir a maravilhosa música “Va pensiero” , e logo o meu pensamento, alma e coração se fixam naquela melodia perfeita. Sinto que os meus olhos brilharam. Fecho os olhos e vejo todas as notas a saltarem de um lado para o outro como se me chamassem para dançar com elas…um arrepio surgiu… e foi então que na minha pele surgiram pequenos pigmentos de felicidade.
         Reparo que Carlos está fixamente a olhar para mim, acenou cuidadosamente com a cabeça dando um ar romântico a toda aquela cena.
         Voltei a concentrar-me na melodia, mas desta vez no maestro e nos figurinos que estavam no palco. O maestro abanava levemente aquele pau de madeira comprimido e fino, e coordenava cada instrumento como se fosse ele que estivesse a tocar. Os figurinos cantavam com alma e percebi que havia sofrimento em alguns deles, mas mesmo assim não deixavam de fazer maravilhas com a sua voz e encantar o público.
         Ali fiquei, sentada e apaixonada na minha melodia. 




Sofia Leal nº23/ 11ºA

Diário de uma Aula





Entro na aula e a primeira coisa que penso é: “Mais um labirinto, mais um jogo de letras com 24 jogadores”.
Está tudo muito animado, de um lado discute-se o último jogo do Real Madrid, de outro fala-se simplesmente do tempo. Mas o clima da sala de aula cada vez ficava mais intenso devido ao ar sério que  professora nos enviava, dizendo: ”Preciso que se calem”. 
Quando tudo ficou calmo e a sensação de êxtase passou e aquele rapaz sério, calmo e educado começou a falar, saltaram palavras que pareciam badaladas de uma Igreja na hora da missa, todas elas escritas no seu nobre diário literário.
Passados alguns minutos a professora abriu o nosso cérebro e faz uma pequena explicação do mesmo, retirando pedaços dele e colando-os o quadro. Em 1º lugar está a parte Reptiliana que nos fez matar para sobreviver, em 2º lugar o Neocórtex que tem a ver com o racional e o Naturalismo, e por fim, a escorregar do quadro abaixo, a Amígdala, a parte emocional, que tem a ver com o Romatismo.
No fim da aula, com todos os estômagos a saltar de fome, a professora introduziu informação para a próxima aula e fechou-nos o cérebro.







Sofia Leal nº23 / 11ºA