terça-feira, 28 de maio de 2013

Concurso da Embaixada de Marrocos em Portugal: VEM VISITAR OS NOSSOS VIZINHOS MARROQUINOS

Um dos textos premiados pertence a Diogo Dias, aluno do 12º A desta escola:

  foto de : http://centralturismos.com.br/um-pouco-mais-sobre-marrocos-africa/turismo-no-marrocos/   

INTEMPORALIDADE
DA OBRA HUMANA


 Diogo Gonçalves Dias



Concurso “Vem visitar os nossos vizinhos marroquinos” da Embaixada portuguesa do Reino de Marrocos

Lisboa, Março de 2013






«(...) en l’occasion de cette consécration qui reflète aussi bien la qualité universelle de cet héritage partagé entre nos deux pays, que nos
efforts et notre volonté ferme de préserver et de réhabiliter l’un des repères historiques les plus remarquables qui unissent nos deux peuples
amis, sera également l’occasion de donner une nouvelle impulsion à nos excellentes rélations bilatérales.»

"(...) por ocasião desta consagração que reflete tanto a qualidade universal do património comum aos nossos dois países, como os nossos
esforços e o nosso forte desejo de preservar e restaurar uma das referências históricas mais notáveis que unem os nossos dois povos amigos,
também será uma oportunidade para dar um novo impulso às nossas excelentes relações bilaterais ".



 Mohamed Achaarî

Ministro da Cultura do Reino de Marrocos, Discurso sobre a inclusão da cidade portuguesa de
Mazagão na lista do Património Mundial da UNESCO, no dia 30 de Junho de 2004.










“Quis a História e a Memória que a pedra não sucumbisse à erosão do tempo e dos ventos, como testemunho da fortaleza de um entendimento íntimo entre dois povos.”

Parceria fado que aqui se juntassem e que aqui convivessem, locais povoados outrora por gentes de origem frequentemente igual ou semelhante, e que abrissem o mundo com a sua inefável vontade exploradora, sedução permanente da aventura e rota fascinante do desconhecido que aqui foi deixada pelos seus antepassados fenícios, gregos e cartagineses. Gentes separadas por uma extensão diminuta de
água com um estreito, com vocação de ponte, como que a tentativa de uma ligação física entre ambas.

Estreito que dera passagem ao temeroso Tarik, em 711, para a sua larga expansão muçulmana, e o mesmo estreito que o subjugador D. João I ultrapassara, sete séculos mais tarde, dando início à marcada presença portuguesa no Norte de África e no vasto e indescoberto mundo.

Terras de exploradores povos conquistadores, quer o mouro por solos, quer o luso por águas, responsáveis por juntar os mares e passar álem da força, da memória, da morte e do tempo, de calar “Marte e Neptuno” e de superar “Alexandre e Trajano”. Acusados de apartados mares salgados unir, de subjugar o encurralado Mediterrânico, de desafiar o temeroso Atlântico e transpôr, para lá do bojador, o Índico oriental. Povos imortalizados por acções bélicas e feitos inesquecíveis e detentores da própria História.

Filhas do Latim e suas gentes, as terras ibéricas e magrebinas, estas limitadas à sua metade setentrional, foram outrora domínios do poderoso Senado e constituíram influências da administração imperial, da legislação e jurisprudência, da construção de edifícios e de estradas, do incremento do comércio e da difusão do ensino. Retendo o que permitiu a dois dos povos mais antigos do mundo evoluir e progredir.

Acima da linha que equatorialmente divide o globo, África fora descendente direta da língua de Roma, mas fielmente sustentando a sua integridade cultural e dialectos berberes autóctenes, que persistirão mesmo após a vinda do grande árabe.

Marrocos ou Al-Maghrib al aqca em árabe (ou seja, o extremo oeste) é um porto de confluência entre o Ocidente, o Oriente e a África Subsaariana, vantagem devidamente aproveitada, enriquecendo-se com todas as diferentes culturas, desenvolvendo assim a sua própria identidade. Tornando-se um país de contrastes e diversidade, que lhe conferiu a verdadeira riqueza da sua cultura, a qual partilhou com
Portugal, que tal como o seu vizinho de “além-mar”, soube devidamente adquirir e filtrar as vastas diversas influências. A riqueza que nos impulsionou para a crença e alargamento das nossas capacidades.

Se, num passe de mágica, fosse permitido á fortuna apagar, de Portugal actual, todos os vestígios do vasto legado mourisco, a nível étnico e cultural, a paisagem humana, física e civilizacional que contemplamos seria algo inteiramente inconcebível.

Tais influências, que acabaram por abolir as barreiras entre lusos e mouriscos e edificar tal obra monumental que viria a ser uma parceria artística e cultural, determinaram uma convivencia entre estes povos que viviam agora num clima de fraternidade e prosperidade.
Gentes que, independentemente de suas desavenças políticas ou religiosas, conviveram em profunda harmonia em território comum, um mundo interior purificado e iluminado pela luz da sabedoria, da unidade e da unicidade. O desenvolvimento do vivo pensamento esclarecido, e a prosperidade do temperamento conjunto contemplativo, meditativo e erudito do povo luso-marroquino, a verdadeira reflexão, comum,
poética e redonda, materializada na ornamentação, elegância e fluidez dos arabescos das exóticas terras de Meca. Luta comum contra o exacerbado conservadorismo na procura de uma assertiva inovação e prosperidade.

A esclarecida sabedoria oriental penetrou no pensamento europeu. Portugal maometano escreveu um dos capítulos mais brilhantes na história intelectual da Europa Medieval. Principais portadores da tocha da cultura e da civilização. Agentes da ciência e da filosofia antigas, que foram por eles recobradas, desenvolvidas e transmitidas, possibilitando o período renascentista na Europa ocidental.

Palco de terras puras e sagradas, onde a lenda se escorre para a realidade, que tamanhos misticismos, fábulas e antigas crenças as cercassem. Destinos de sonho e imaginação, de paraísos quentes com Oásis de água viva e fresca. Cenas de bélicos confrontos como o mourisco dos três Reis e o que lhe é comum, o português combate de Alcácer-Quibir, travado perto da cidade de Ksar-El-Kebir, entre Tânger e
Fez, ao quarto dia do oitavo mês de 1578. Confronto que de nós nos robou um rei e em troca nos deu um mito a que a fortuna lhe atribuiu séculos de permanência e impacto.

Avultam em tais territórios histórias de mouras e mouros encantados que encontram eco no seu povo, que misticamente lhes conferem ruínas, grutas ou lugares misteriosos. A cultura popular deste Gharb povoada de crenças, temores e superstições, onde a magia e os encantados amuletos cingidos ao peito de quem a proteção procura. Mãos-d-Fátima para afugentar mostrengos e espíritos maléficos, que da noite de breu se erguem a voar. Alimentos protegidos, talhas onde a água é conservada, com inconfundiveis inscrições de fórmulas apropriadas, baraka (benção) ou al-yumn (felicidade). Fumigações afastam espíritos e animais indesejados, unha-de-cabra aparta víboras e serpentes, o açafrão ou a cânfora escorraça escorpiões.

Narrativas fantasiosas sob as noites quentes de céu estrelado, de fortes enredos, magias, maldições e aventuras, que o tempo e a
palavra imortalizaram, e que erigiram as fincas fundações da apaixonante História luso-marroquina.

Vivas terras lusitanas que compreendem maravilhas das extensões para além do estreito. No entanto, não é fácil apercebermo-nos de tais exemplos, porque, o que nos é comum e habitual, é por nós esquecido. Geometrismo ornamental dos esgrafitos nas fachadas alentejanas e algarvias, as adufas ou muxarabias, as açoteias, o cubismo e volumetria das casas, as chaminés algarvias, as chaminés alentejanas, cilíndricas
e de escuta, e as cubas ou abóbodas vindas do morábito. Igual monte alentejano que muitos aspectos conserva, próprios da casa berbere. Tal idêntica flora de sobreiros, oliveiras, videiras e fortes cereais que suportaram as gentes luso-marroquinas. Refira-se a disposição tradicional dos povoados do interior, com o núcleo urbano correspondente à medina, cercado de arrabaldes suburbanos, quintas e hortas, ou os progressos técnicos e científicos que permitiram a modernidade, por outros inalcançável, e a expansão conquistadora moura e portuguesa

De Alentejo exemplo, tal “deserto fértil” de constante forte calor tórrido de um sol africano, severo e abrasador, solos de perfumes e colorações mediterrânicas e de areais imensos de douradas espigas, de montes deleitosos, de vistas extensas e casas singulares com a vertigem branca da cal. De Mértola, a antiga mesquita e ressurreição da sua arte. O rico Artesanato português, da olaria aos cobres e latões, da cestaria
aos vimes, das esteiras à técnica dos tapetes de Arraiolos, do trabalho dos couros e encadernações às filigranas, sem esquecer tal mobiliário pintado, que muito deve aos filhos do Crescente. Tal próxima imagem aqui presente com quentes regiões para lá do estreito de Gibraltar.

Famoso Algarve, alegoria dos areais morenos, destino turístico de sonho, com grandes extensões de areia, de mar calmo e águas quentes, bebidas frescas, chapéus-de-sol, casas brancas e famosas feiras medievais que nos acendem na memória aquelas místicas terras para lá do estreito. Recordações de fábulas contadas, de ocultas chaminés ornamentadas, que viradas para a terra de Maomé, a reza dos mouros
vigiados de terras algarvias, permitiam.


Permissão de sentar no vasto quente areal e apreciar de longe, a abstrata linha, onde esta se funde com o mar, e procurar e conjecturar o que se esconderá para lá da água que não separa.

Assegurado está, neste meu país, que não há local que mais se assemelhe aos bons ares de Marrocos! Este Algarve banhado pelas mesmas águas cristalinas, que é encadeado pelo mesmo sol que abre os céus, e este cuja arte comum áquela de “além-mar”. O seu próprio nome é uma mera evolução da antiga língua marroquina, tal como tantos outros desta terra lusitana. Como nós que lá construimos as nossas
fortalezas, não só as de pedra, mas também as que suportam o encanto e a vida marroquina, eles, de igual modo, nos valeram com os fortes alicerces que nos sustentam os edifícios da arte e cultura.

Dedicado então a voar, não num desses aviões grandes e barulhentos, mas numa tranquila e confortável imaginação, e procurar nos objetos que remontam a épocas passadas, guardados em baús, sótãos ou porões, a fim de lá encontrar os tais exemplos de que falava. Mal desconfiava eu que fosse descobrir tais aparências de “além-mar”.

Sendo o que mais demonstra esta confluência de dois povos, a arte luso-marroquina fora adoradamente difundida por tais territórios, na sua maioria a arquitetura, arte do povo e a aclamada arte nobre mourisca, em que os arcos árabes, em ferradura e contracurvado, se aliaram aos de volta perfeita e ogivais europeus. Os majestosos palácios, sumptuosos locais de adoração e públicos edifícios comuns, onde a decoração era algo permanente, os elegantes arabescos, os geométricos e coloridos azulejos e mosaicos islâmicos e ibéricos. Onde a arquitetura inovava e evoluía para benefício comum, algo inigualável em qualquer outra parte do mundo.

Mesquitas alegóricas ao túmulo de cristo, arquitecturas que exprimem tão inteiramente a mentalidade profunda dos povos e o reflexo da sua fé, a comunhão das suas crenças e a aglomeração das suas culturas. Iguarias constantes dos manuais andalusinos com as receitas da Idade das trevas, muitas das quais chegaram intactas ao cardápio actual da cozinha tradicional portuguesa, para nos convencermos de quanto
os nossos hábitos de mesa são tributários da civilização mourisca. E a guitarra portuguesa, que seria dela, órfã de seu pai, o alaúde? E os adufes, e os pandeiros e as gaitas? Sem tal destino não haveria fado e o nosso destino seria cantá-lo?

Depois de cinco séculos de presença muçulmana em Portugal, este vive orgulhoso das suas origens islâmicas, pois é-lhes devido a sua independência e singularidade do resto da Europa. Orgulho que irá demonstrar na criação de um estilo, cerca de dez seculos depois pelo gosto burguês por um certo exotismo, que irá reavivar e revivescer o desenho de tradição moura, que irá edificar obras monumentais de
profunda adoração e entendimento intercultural. Obras tais de cores imortalizadas, de azulejos de luz, de arcos de triunfo e forte bélica decoração. Obras que afirmam a longa presença e complexa integração do mundo mourisco entre nós, seja o recente templo de Aga Khan e a praça de touros do campo pequeno em Lisboa, seja a futura mesquita anunciada como a edificar, no Porto.

Marrocos vive orgulhoso das suas origens portuguesas, vive de fábulas e mitos de fantásticas batalhas, de artes diferentes, de hábitos e costumes comuns e vive de marcos físicos históricos portugueses, do nosso manuelino e renascimento, vive da nossa decoração e dos nossos edificios, que a praça portuguesa de Mazagão em terras magrebinas imortalizou. Marrocos, na sua intemporalidade e também na sua
modernidade, é um credo fraterno. O seu conceito de Ahl al- Kitab, abraçando os povos das religiõesreveladas como irmandade de todo o ser humano na entrega a Deus, bem como a altura metafísica da vertente mística sufi, são expressão do mais explícito ecumenismo.

Os povos, que dolorosamente mas firmemente galgaram as terras tremendas deste mundo, formaram tal parceria cultural, artística, científica, comercial que remonta desde vastas épocas passadas. Um assertivo exemplo da humana fraternidade, procura do bem estar e desenvolvimento sustentável coletivo, gentes responsáveis pelo encontro da perdida Europa consigo mesma.

A suprema magnificência das terras luso-marroquinas, vivas de sangue comum, de traços comuns, de genes comuns. Distintas por vontades e hábitos idênticos. Quase sempre tolerantes, muitas vezes amigas, e até algumas vezes aliadas. Só o reforço dessa solidariedade essencial, em todos os aspectos e momentos da vida quotidiana, poderá libertar o homem dos perigos que o ameaçam, o pesadelo da guerra,
o espectro da fome endémica em tantas regiões do globo, a destruição da natureza e os pensamentos egoistas e individualistas.

Este entendimento íntimo entre dois povos aparentemente de culturas paradoxais, é a prova da vontade cooperativa da humanidade e da “Intemporalidade da obra humana”, da sua conceção e da sua preservação, uma e outra, como partes do património espiritual e cultural de portugueses e marroquinos.

Diogo Dias






quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma visita de estudo



Havia luar naquela noite. Há luar, às vezes. Felizmente. Para mostrar a torpeza e a dor. Mas também a esperança.
Esta peça de teatro de Luiz de Sttau Monteiro, datada do início dos anos 60 do século XX, é uma das obras estudadas na disciplina de Português ao nível do 12º ano, daí o grupo de teatro A Barraca ter há anos em cena uma apresentação deste texto dramático.
Na peça, Felizmente há Luar é uma expressão que, para além de ser título, é dita quer pelo poder discricionário responsável pelo assassinato de Gomes Freire de Andrade, quer por Matilde, mulher do General. Para o primeiro, que o luar mostre o que acontece aos que desobedecem, para a segunda, que o luar mostre o que o poder faz aos inocentes.
Mas LUAR é também aqui uma alusão ao movimento revolucionário de mesmo nome da época, associado ao assalto ao navio Santa Maria, à revolta de Beja e outras acções de revolta activa cujos dirigentes terão sido próximos de Luiz de Sttau Monteiro.
Existem neste texto dois tempos que à moda do interseccionismo, paralelamente se cruzam. Passe o excessivo paradoxo. Um dos tempos é o tempo histórico, explícito, o outro é o metafórico, o implícito, ou proibido.
Princípios do século XIX, meados do século XX: num tempo, as lutas liberais coincidindo com as invasões francesas e a “amigável” ocupação inglesa para pôr em ordem o exército e o país, o rei refugiado no Brasil; no outro, a ditadura de Salazar, o povo emigrado no estrangeiro por razões económicas e (ou) políticas.
Era caso para dizer: "com amigos estes não precisávamos de inimigos" .
Luiz de Sttau Monteiro não podia escrever politicamente sobre o seu tempo, escreveu sobre outro tempo onde situações se assemelhavam.
No palco, um cenário feito de miniaturas de casas, miniatura de cidade, e as luzes criando cenas e actos dentro da cena.
Na distanciação brechtiana, os actores não fingem que aquilo é a vida deles e que estão ali sós, irremediavelmente sós, como na vida. Sabem e mostram saber que pisam um palco e que nós estamos do outro lado. É um fazer de conta sabendo que nós sabemos que eles sabem que estão a fazer de conta.
Esta encenação, onde a componente didáctica está presente, sem prescindir de toda a qualidade de um espectáculo para qualquer tipo de público, permite aos alunos contactarem com uma boa representação dramática, com um texto importante da nossa cultura e da nossa história, com a relação texto/dramatização, representação de uma acção e opção por um determinado estilo de representação (a distanciação), humor, ternura, emoção e crítica, importante trabalho de sonoplastia e luminotecnia. O mérito das visitas de estudo, quando feitas no local exacto, no momento adequado, perante um objecto de qualidade, é que são meio caminho andado para o estudo de uma obra. Nem dez das mais excelentes aulas conseguiriam mostrar o que os alunos conseguiram ver num único espectáculo. A aprendizagem é tão importante, que não é de desprezar qualquer contexto em que possa acontecer. Nas aulas e para além delas. Os alunos, na sua totalidade, gostaram. Uns poucos com algumas reservas, muitos apreciaram francamente o espectáculo, um número considerável muito entusiasticamente, emocionadamente. Choraram no fim com Maria do Céu Guerra. Não houve distanciação que chegasse. Lamentaram a presença de alunos de uma outra escola, felizmente em minoria, mesmo assim o suficiente para impedirem os alunos mais próximos deles de uma recepção ótima do espectáculo.
A esses alunos, ou antes, a esses professores, eu diria: insistam, não desistam. É como disse Pessoa relativamente à Coca Cola: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Há que levá-los a ver objectos de qualidade para que criem espaço de qualidade dentro deles, para que esqueçam a estética vazia de casas de segredos e inutilidades afins.
Podem também levá-los a ver outras coisas, por exemplo a escultura em homenagem a Gomes Freire, em pedra e bronze, na Rua Gomes Freire, da autoria do escultor Francisco Simões e do arquitecto Luís Conceição. Podem escolher um dia de sol ou uma noite de luar. Mas vão. Ou aconselhem-nos a ir. Há sempre um ou outro que só está à espera que não desistamos deles. De todos. Alguns aproveitam. Outros adiam. Que sabemos nós do prazo de validade do mistério?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

"Apresentação de um poeta do meu país"

Na sequência da realização da apresentação da cultura de alguns dos nossos alunos vindos de outros países, aqui está o trabalho da Viktoriya Moshnyaha apresentado na aula, aos colegas:




"Foi me proposto, no âmbito da disciplina de Português Língua Não Materna, fazer um trabalho que desse a conhecer melhor a cultura e algumas tradições da minha terra natal, Ucrânia. O  desafio era escolher um poeta ucraniano e traduzir um poema seu.

O poeta que eu escolhi chama-se Taras Shevtchenko (1814-1861). Nasceu numa família pobre, com vários irmãos e irmãs. 


Ficou orfão aos 11 anos e tornou-se servo de um aristocrata russo. Desde muito pequeno, Taras pintava e componha pequenos poemas recitando-os em público. Um dia, um comerciante viu que o rapaz tinha muito talento e “comprou-o” ao seu proprietário.  Estudou numa academia de Artes onde sempre teve boas notas e muito sucesso. Quando cresceu tornou-se um grande amante da Pátria e muito Nacionalista. Os seus poemas dividem-se em duas categorias: poemas para “crianças” e poemas para “adultos”. Os poemas dedicados a crianças são pequenas histórias infantis, de fácil compreensão, que transmitem lições de moral, enquanto os poemas para adultos são muito nacionalistas e críticos, tendo uma linguagem dificil de interpretar.
 O poema que eu escolhi chama-se “На Великдень, на соломі” ("No Dia Grande, no Celeiro"). É um poema para crianças que fala sobre o Dia Grande (a Páscoa). Estavam várias crianças a brincar no celeiro e a gabar-se das roupas novas que os parentes ofereceram; num canto esta uma menina órfã, de mãos ao peito a olhar. Temos quatro monólogos:
- A minha mãe comprou-me.
- O meu pai arranjou.
- A minha madrinha coseu.
E enquanto estes falavam, a menina órfa disse:
                -  Eu almocei com o padre.
Este poema transmite muito a dor de uma menina que não tem nada nem ninguém, enquanto as crianças à sua volta brincam felizes com as coisas novas.
“На Великдень, на соломі
Против сонця, діти
Грались собі крашанками
Та й стали хвалитись
Обновами. Тому к святкам
З лиштвою пошили
Сорочечку. А тій стьожку,
Тій стрічку купили.
Кому шапочку смушеву,
Чобітки шкапові,
Кому свитку. Одна тільки
Сидить без обнови
Сиріточка, рученята
Сховавши в рукава.
— Мені мати купувала.
— Мені батько справив.
— А мені хрещена мати
Лиштву вишивала.
— А я в попа обідала,—
Сирітка сказала.
 
                Escolhi este poema porque fala do “Dia Grande”,  ou seja, a Páscoa. 

Na religião ortodoxa a Páscoa é um dia muito alegre e de festa. As pessoas de manhã vão para a igreja com um cesto cheio de comida, mas o essêncial é o pão (uma espécie de Folar da Páscoa)


 e os ovos cozidos e pintados (um dos símbolos da Ucrânia), para ser benzido – é como se pedissem a Deus que durante esse dia (e sempre) não falte comida na mesa. 


 Depois disso juntam-se em casa e comem todos a comida “que Deus ofereceu”.


http://www.youtube.com/watch?v=TdsQFs_8vfk – vídeo da recitação do poema.



Viktoriya Moshnyaha Nº 25 12ºA


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Temas de trabalhos sobre MEMORIAL DO CONVENTO


                                             Lisboa no século XVIII, Museu Nacional do Azulejo

No dia 25 de outubro tinha colocado esta entrada a que acrescento agora outros temas. O trabalho pode ser feito individualmente ou a pares e ocupará pelo menos uma aula, podendo ser concluído posteriormente.

Trabalho a  realizar no terceiro período:

TEMAS:

- A alimentação no século XVIII
- O vestuário
- Religião, ritual, mistério e superstição
- A música
- A condição feminina
- Ciência e superstição
- Arte e arquitetura no século XVIII
- Vida, doença e morte
- Amor, amizade, alienação e crueldade
- Riqueza, pobreza e crítica social
- Divertimento e festa
- O que mostram as ruas da cidade de Lisboa
- Os sabores e os cheiros
- A deslocação
- As crenças
- As texturas
- A ornamentação
- O luxo e a miséria
- Os preconceitos
- As classes
- A pele
- As casas 
- A sexualidade 
- As memórias


PROCESSO:
- Recolha de informação
- Levantamento de excertos comprovativos
- Análise e conclusões

ESTRUTURA:
- Introdução ao tema
- Apresentação dos resultados apoiados em excertos
- Conclusão
- Bibliografia

INTERVENIENTES:
Pares  ou individual

OPCIONAL:
Ilustração do trabalho com imagem própria (foto, desenho, colagem)

Os alunos podem sugerir outros temas e submetê-los à minha aprovação.