sábado, 12 de novembro de 2011

Brincar com as palavras


Sonorização

Correm-nos dias como hoje durante o ano inteiro, durante a vida inteira, dias melhores, piores e ainda aqueles que nem descrevemos.
Há quem os consiga ouvir melhor, ou pior, já da idade. Há quem já não os oiça apenas pela vida que lhes foi dada, tal como a língua que nos foi ensinada a falar, à qual o tempo retirou consoantes surdas, retirou o “C” a tantos “amicums”, e reservou-nos tantos amigos para o futuro. Há quem seja como o “P”, o “T” e mesmo como o “C”, consoantes surdas que se ouvem, tal como um surdo se ouve, mas não passa de um surdo, uma pessoa única, uma pessoa com dias como os nossos, mas que tem sempre um apelido que não lhe foi dado, mas que lhe foi imposto.
As transformações que as palavras sofrem são tantas, as pessoas põem e dispõem delas como se nunca tivessem reclamado, enquanto se esquecem de tudo o que já disseram, tudo o que fizeram para todo o abecedário se dar bem com todas as cordas vocais de milhares de pessoas, que se cruzam com as frequências que nos dão música, mas que uma consoante surda nunca irá ouvir, se continuarem a colocá-las em desuso.
Se forem tratadas assim, serão um dia mudas, tal como o “muto”, que nunca falou, tal como o surdo que nunca ouviu. Não conseguiram falar como o surdo nem ouvir como o mudo.


Ana Hermenegildo         Nº2        11ºA     

Nenhum comentário:

Postar um comentário