Síncope
Caiu, transformou-se, síncope! Acontece quando há uma supressão de
segmentos da palavra, quando ele cai do meio da palavra, é triste; será
fraqueza? Estará subnutrido? Chega! Chega de tentar encontrar explicações
físicas para problemas gramaticais.
Foi o que aconteceu à ópera, que era espetáculo, caiu, desmoronou-se.
Chamaram-se físicos, arquitetos, construtores, obreiros e carpinteiros, nenhum
descobriu porque é que a ópera caiu. Viram as infraestruturas, a madeira que
devia estar podre, as cordas do cenário podiam estar roídas por ratos gigantes,
como reza a lenda lá em Mafra. Mas não. Mais uma vez, impus-me. Chega! São
problemas gramaticais!
E agora o que se faz com a opera que se desmoronou e transformou? Que
deixou de ser ópera para passar a ser obra? Pega-se na obra que outrora fora
ópera, leva-se para outro teatro e faz-se uma nova ópera, com cenários,
bailarinos, cordas de alumínio, tudo do melhor. Ou talvez não. Se deixou de ser
opera para passar a ser obra, porquê tentar reconstruir algo que mudou por si
mesmo? Quem disse que a opera valia mais do que a obra?
Talvez o mistério não fosse de tamanha grandeza se ao invés de
terem chamado os arquitetos tivessem consultado o livro de Português.
Se a obra obra é, obra ficou por si só. Se a obra ópera era, obra é
que já foi ópera.
Alexandre Simões 11ºE nº2 2011/2012
Português
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