Hoje,
mais uma vez nesta minha vida de poeta, fui tomar a bica ao café Brasileira onde
me deparei com um grande grupo de jovens à volta de um outro que se fazia
afirmar lendo um dos meus poemas. Para descobrir o que era a concentração
destes misteriosos jovens que circundavam, aproximavam-se, apertavam-se e
esticavam a cabeça para ouvir o recitar do poema que rabisquei num papel e
segui-os. No final, orgulhoso, mas um pouco perturbado estava eu. Aqueles
fascinantes jovens deram uma volta à minha vida, lembraram-me dos meus feitos,
feitos quase como esquecidos ou sem valor na minha mente. Talvez porque não me
tenha apercebido da importância que tive para Portugal. Dizem que fui um dos
maiores poetas de Portugal, como posso estar ao lado de Luís Vaz de Camões? Se
soubesse de tudo isto no meu tempo, não teria aguentado o fardo, teria caído e
hoje não seria o que sou. Mas estou feliz, sei finalmente o que fui, um poeta memorável,
e o que sou, um poeta eterno.
Fernando Pessoa"
Tiago, 12º A
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