Não
há Quinto Império sem nevoeiro, diriam os heróis de Pessoa e Camões.
Fez
nevoeiro na manhã do Senhor de nove de Novembro de dois mil e doze. Manhã em
que, ao invés de se esperar o regresso de D. Sebastião, se procurou por ele.
Eram
à volta de quarenta almas, com corações de Pessoas, numa Lisboa antiga, sua, e
deles.
Caminhou-se
sobre poesia de tormentas da Brasileira a Santa Catarina, onde três vezes se ouviram,
três pessoas de cada vez, recitarem três poemas.
Voámos,
depois, como gaivotas em bando até ao número 4 do Largo de S. Carlos, morada
que viu nascer Fernando António Nogueira Pessoa, a 18 de julho de mil
oitocentos e oitenta e oito, e onde também, mesmo em frente no teatro, o seu
pai fez do som poesia.
Dali
se “ouviam os sinos” da igreja dos Mártires, antiga entrada para a cidade e
lugar sagrado onde Pessoa foi adotado por Deus um ano mais tarde.
Mas
é no Carmo que a maturidade desponta, largo-paraíso, guardião das memórias de
Lisboa. Nele, viveu Fernando Pessoa após interrompidos os estudos na Faculdade
de Letras e no seu seio histórico se inspirou para passar uma e una Mensagem.
Após
esperarmos vários comboios na Estação do Rossio, onde saudámos D. Sebastião com
o poema da Mensagem que lhe é dedicado, em nenhum deles vinha Sá Carneiro.
Saindo
da estação, atravessamos a rua, e Ophélia cora à janela, amada mulher
incógnita, onde alguém lhe entregou uma carta de amor a pedido de Fernando.
Uns
passos à frente, o Largo do Rossio, onde desfilam condenados da Santa
Inquisição num excerto do Memorial do Convento.
Logo
ali à esquina, o restaurante Leão de Ouro, onde os prazeres do corpo eram
saciados em comunhão entre as almas célebres.
Fernando
Pessoa inundou Lisboa de trabalho por conta de outrem, em escritórios da Rua
Augusta à Rua do Ouro passando pela Rua da Vitória.
Desembocou-se
por fim no Cais das Colunas, porta viva da cidade para o Terreiro do Paço,
morada terrena das Tágides que inspiram Lisboa.
D.
Sebastião partiu com o nevoeiro.
Alice
dos Reis 12ºE Nº3
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