Andréa Martins da Silva
Gabriel Filipe Duarte Gonçalves, 24.01.2013
Leitura (texto original)
As varandas e os poetas
Parecem ter algo em comum.
Ambas vivem Lisboa à proa,
Ambas são o que são em jejum
Parecem ter algo em comum.
Ambas vivem Lisboa à proa,
Ambas são o que são em jejum
Dissertação
Decidi dissertar com uma análise do texto lido no espaço da leitura. “As
varandas e os poetas” é uma quadra que remete para um reflexão feita à cidade
de Lisboa sobre os seus poetas, e algumas semelhanças que encontro em outros
elementos presentes no espaço, que parecem consciencializar o sentido da procura
da vida para fora do leitor, ou através das grandes obras literárias, ou das
comuns gentes que frequentam somente as ruas, viradas para o rio.
Os
dois primeiros versos criam a intuição que vai ser justificada adiante; “Ambas
vivem Lisboa à proa,” significa que tanto as varandas, como os poetas veem
Lisboa mais à frente, no topo da “fragata” – sobre o mar profundo (isto porque
certas varandas permitem uma visão de miradouro do rio Tejo, e os poetas,
muitas vezes se inspiram nele e nos seus antecedentes para escreverem poesia)
Já para a último verso, anteponho uma pesquisa necessária que achei algures sobre a prática do jejum, importante para a compreensão do poema.
O jejum é um período de tempo de abstinência alimentar que pode estar sob influência de motivos religiosos ou medicinais. Neste caso do poema encontramos simplesmente o motivo metafórico da expressão, pois os poetas praticam-no como sintoma insaciável da fome que têm pelo conhecimento do mundo e produzem então as suas obras nesse estado não-superável, assim como as varandas sempre se veem dispostas a um novo olhar, para lá do real. Como um espaço de abstinência e reflexão dos outros lugares absorvidos pela cidade, também ela procura produzir visões transcendentes ao seu morador, como um miradouro – sobreposto a tudo e a todos da cidade, portanto, abstinente da física. Referência esta que também podemos encontrar nos “terraços” de F.Pessoa, que ausentes do mundo físico, permitem ver o ali ali.
Já para a último verso, anteponho uma pesquisa necessária que achei algures sobre a prática do jejum, importante para a compreensão do poema.
O jejum é um período de tempo de abstinência alimentar que pode estar sob influência de motivos religiosos ou medicinais. Neste caso do poema encontramos simplesmente o motivo metafórico da expressão, pois os poetas praticam-no como sintoma insaciável da fome que têm pelo conhecimento do mundo e produzem então as suas obras nesse estado não-superável, assim como as varandas sempre se veem dispostas a um novo olhar, para lá do real. Como um espaço de abstinência e reflexão dos outros lugares absorvidos pela cidade, também ela procura produzir visões transcendentes ao seu morador, como um miradouro – sobreposto a tudo e a todos da cidade, portanto, abstinente da física. Referência esta que também podemos encontrar nos “terraços” de F.Pessoa, que ausentes do mundo físico, permitem ver o ali ali.
Por que razão escolho fazer esta comparação, que ao iniciador parece não
fazer sentido algum? Tanto as varandas como os poetas, constituem
lugares passíveis do pensamento.
Improvisação
Improvisação
As varandas viradas para o
interior
O
processo remete obrigatória e extraordinariamente para o sentido inverso das varandas
exteriores, as que estão viradas para o rio. Se as primeiras procuram um olhar
novo para... as varandas viradas para o interior, não são mais que sítios
exploradores, também passíveis ao pensamento e que remetem para o nosso eu e o
sentido da nossa existência. A primeira, repito, abstém-se do interior para
visitar lugares além – os da imaginação.
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