domingo, 20 de janeiro de 2013

Seguir as pegadas de outros



                                           Malhoa


Seguir as pegadas de outros

Uma visita que se traduziu numa viagem pela cidade do nosso instituto escolar, uma viagem que poderia ser simplesmente o trajeto de um cidadão lisboeta, feita tal como uma visita a uma cidade estrangeira.
Com o intuito do refazer as pegadas de Fernando Pessoa, de Camões, de Saramago e outros, assim demos início à ilustre caminhada da tarde. Com o café da Brazileira no largo do Chiado como primeira paragem, o autocarro, provindo grande parte do metro, parou e escutou a singela apresentação de Tomás Neves sobre este local fundado a 19 de Novembro de 1905 e de encontro entre ilustres indivíduos como Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, Santa Rita, Fernando Pessoa e outros que ali iam beber o café brasileiro.
Subindo pelo largo Camões até ao Miradouro de Santa Catarina até ver as naus de ferro sobre o rio lusitano, e o seu tormento, o Adamastor ou, como outros o nomeiam, o Mostrengo.
E Retrocedendo pelo mesmo caminho, descemos até ao Teatro S. Carlos, pois na casa em frente terá nascido Fernando Pessoa, que foi batizado a 13 de Junho de 1888 basílica na qual se via do largo a torre sineira, torre da Basílica dos Mártires e dos sinos da aldeia do escritor.
E de um largo, dirigimo-nos a outro, o largo Bordalo Pinheiro, onde antes existia o Casino da cidade no nº31, 1º andar, e onde se deram as Conferências do Casino de quais fazia parte Fernando Pessoa.
E deste largo dirigimo-nos novamente a outro, desta vez o largo do Carmo, conhecido pelas famosas ruínas da respetiva Igreja. Foi lá no nº18 1º andar, que viveu Pessoa, 4 anos após sair da universidade, dos 20 aos 24. Foi neste apartamento onde a ideia de escrever o livro Mensagem surgiu, inspirando-se nas ruínas em frente.
Descendo até à pequena e esquecida rua 1 de Dezembro, rua do restaurante Pobre Leão Douro, ponto de encontro entre Fernando Pessoa e outros ilustres, diante de um quadro de Columbano que os representa. Frente ao restaurante estava um assador de castanhas e por trás, a estação do Rossio, estação onde o escritor ia esperar Mário de Sá Carneiro e onde provavelmente admiravam os painéis de azulejos de Lima Freitas relacionado com o V Império.
Depois de atravessar a rua parámos no largo D. João da Câmara, onde Pessoa ia ver a varanda de Ofélia, sua amada. Mais à frente a praça D. Pedro IV, onde existiam o café Martinho, Café Portugal, Café Gelo, Café do Bocage e o restaurante Irmãos Unidos. No Martinho realizaram-se várias reuniões do grupo Orpheu. Pessoa frequentava estes cafés com o ilustre poeta Carlos Queiroz, familiar da sua adorada.

A Praça da Figueira foi a próxima paragem, local de vista privilegiada para o castelo, local onde antes existia o Hospital de Todos os Santos (referido no Memorial do Convento) destruído no terramoto de 1 de novembro de 1755. A praça surgiu como tal e mercado após o terramoto.
Depois dirigimo-nos à “Licorista” onde (infelizmente não bebemos) Pessoa ia beber aguardente e absinto, as suas bebidas prediletas. Seguindo para a Rua Augusta a caminho da Praça do Comércio, foram discutidos os escritórios onde Pessoa trabalhou como tradutor e guarda livros. Depois, na praça, foi nomeado o café “Martinho da Arcada” (para distinguir do Martinho do Rossio) o primeiro café de Lisboa, vendia gelados e bebidas geladas e também aí se vendiam bilhetes para as tipoias de Sintra. Era onde Pessoa jantava sempre e onde este e Saramago têm uma mesa dedicada a cada um. Foi discutida a importância da praça como local dedicado ao seu nome, sendo uma das maiores praças da Europa e um monumento da reconstrução lisboeta após o terramoto, foi onde antes estava o paço real e por trás o porto da ribeira das naus.
Descendo depois até ao cais das colunas, “por mera coincidência”, daí partia uma larga frota rumo ao Destino.
No final da comprida viagem, já com o peito ofegante, os pés com calos, as pernas a tremer e prestes a desfalecer, chegámos à casa dos Diamantes, conhecida como a Casa dos Bicos, sendo hoje a fundação Saramago, fundada este ano. Uma habitação construída em 1523, a mando de D. Brás de Albuquerque, filho natural legitimado do segundo governador da Índia portuguesa, e assim foi o penúltimo ponto de paragem da visita.
Penúltimo! Pois o último foi o metro do Terreiro do Paço.
Diogo Dias
Nº6 12ºA


A Minha cidade desconhecida

Mas que cidade maravilhosa e apaixonante, tudo aquilo que sempre imaginei. Uma cidade feita para o homem, mas onde ainda há lugar para o nosso ilustre Deus, tudo aquilo pelo qual lutei, tudo aquilo pelo qual a minha geração se esforçou.
Que terra maravilhosa de falam eles, terra descoberta no meu tempo, terra de onde vêm estes deliciosos alimentos e bebidas. Depois, subindo tais ruas estranhas fomos até um local de onde eu via as imponentes naus, e onde está agora um monstro da minha grande obra. Viajámos pela desconhecida cidade onde nasci e vivi falando de tais escritores que, pelo que parece, são tão conhecidos quanto eu (algo difícil de acreditar), vimos os seus locais de visita, onde comeram, viveram... pois os meus foram destruídos aparentemente por um horrível terramoto. Descemos até ao antigo Terreiro do Paço, pois agora já nem rei existe, como poderá um pais assim sustentar-se! E descemos até ao chamado cais das colunas, perto da antiga ribeira das naus, local de onde a minha partiu para a Índia. E tal como a minha também de lá partiu uma larga frota rumo ao Oriente.
Terminamos na casa do filho do vice-rei da Índia, rapaz detestável, mas com bom gosto em termos de arte. É esta a minha cidade desconhecida, é esta a cidade de Luiz Vaz de Camões.
 

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