Malhoa
Seguir as pegadas de
outros
Uma visita que se
traduziu numa viagem pela cidade do nosso instituto escolar, uma viagem que
poderia ser simplesmente o trajeto de um cidadão lisboeta, feita tal como uma
visita a uma cidade estrangeira.
Com o intuito do refazer
as pegadas de Fernando Pessoa, de Camões, de Saramago e outros, assim demos
início à ilustre caminhada da tarde. Com o café da Brazileira no largo do Chiado
como primeira paragem, o autocarro, provindo grande parte do metro, parou e
escutou a singela apresentação de Tomás Neves sobre este local fundado a 19 de
Novembro de 1905 e de encontro entre ilustres indivíduos como Mário de Sá
Carneiro, Almada Negreiros, Santa Rita, Fernando Pessoa e outros que ali iam beber
o café brasileiro.
Subindo pelo largo Camões até ao Miradouro de Santa Catarina até ver as naus de ferro sobre o rio
lusitano, e o seu tormento, o Adamastor ou, como outros o nomeiam, o Mostrengo.
E Retrocedendo pelo
mesmo caminho, descemos até ao Teatro S. Carlos, pois na casa em frente terá nascido
Fernando Pessoa, que foi batizado a 13 de Junho de 1888 basílica na qual se
via do largo a torre sineira, torre da Basílica dos Mártires e dos sinos da
aldeia do escritor.
E de um largo,
dirigimo-nos a outro, o largo Bordalo Pinheiro, onde antes existia o Casino da
cidade no nº31, 1º andar, e onde se deram as Conferências do Casino de quais fazia
parte Fernando Pessoa.
E deste largo
dirigimo-nos novamente a outro, desta vez o largo do Carmo, conhecido pelas famosas ruínas
da respetiva Igreja. Foi lá no nº18 1º andar, que viveu Pessoa, 4 anos após sair
da universidade, dos 20 aos 24. Foi neste apartamento onde a ideia de escrever
o livro Mensagem surgiu,
inspirando-se nas ruínas em frente.
Descendo até à
pequena e esquecida rua 1 de Dezembro, rua do restaurante Pobre Leão Douro,
ponto de encontro entre Fernando Pessoa e outros ilustres, diante de um quadro
de Columbano que os representa. Frente ao restaurante estava um assador de
castanhas e por trás, a estação do Rossio, estação onde o escritor ia esperar
Mário de Sá Carneiro e onde provavelmente admiravam os painéis de azulejos de Lima Freitas relacionado com o V Império.
Depois de atravessar
a rua parámos no largo D. João da Câmara, onde Pessoa ia ver a varanda de
Ofélia, sua amada. Mais à frente a praça D. Pedro IV, onde existiam o café
Martinho, Café Portugal, Café Gelo, Café do Bocage e o restaurante Irmãos Unidos. No Martinho realizaram-se várias reuniões do grupo Orpheu. Pessoa
frequentava estes cafés com o ilustre poeta Carlos Queiroz, familiar da sua
adorada.
A Praça da Figueira
foi a próxima paragem, local de vista privilegiada para o castelo, local onde
antes existia o Hospital de Todos os Santos (referido no Memorial do
Convento) destruído no terramoto de 1 de novembro de 1755. A praça surgiu como
tal e mercado após o terramoto.
Depois dirigimo-nos à
“Licorista” onde (infelizmente não bebemos) Pessoa ia beber aguardente e
absinto, as suas bebidas prediletas. Seguindo para a Rua Augusta a caminho da
Praça do Comércio, foram discutidos os escritórios onde Pessoa trabalhou como
tradutor e guarda livros. Depois, na praça, foi nomeado o café “Martinho da
Arcada” (para distinguir do Martinho do Rossio) o primeiro café de Lisboa, vendia
gelados e bebidas geladas e também aí se vendiam bilhetes para as tipoias de
Sintra. Era onde Pessoa jantava sempre e onde este e Saramago têm uma mesa dedicada
a cada um. Foi discutida a importância da praça como local dedicado ao seu
nome, sendo uma das maiores praças da Europa e um monumento da reconstrução
lisboeta após o terramoto, foi onde antes estava o paço real e por trás o porto
da ribeira das naus.
Descendo depois até
ao cais das colunas, “por mera coincidência”, daí partia uma larga frota rumo
ao Destino.
No final da comprida
viagem, já com o peito ofegante, os pés com calos, as pernas a tremer e prestes
a desfalecer, chegámos à casa dos Diamantes, conhecida como a Casa dos Bicos,
sendo hoje a fundação Saramago, fundada este ano. Uma habitação construída em
1523, a mando de D. Brás de Albuquerque, filho natural legitimado do segundo
governador da Índia portuguesa, e assim foi o penúltimo ponto de paragem da
visita.
Diogo
Dias
Nº6
12ºA
A Minha cidade desconhecida
Mas que cidade maravilhosa e apaixonante, tudo
aquilo que sempre imaginei. Uma cidade feita para o homem, mas onde ainda
há lugar para o nosso ilustre Deus, tudo aquilo pelo qual lutei, tudo aquilo
pelo qual a minha geração se esforçou.
Que terra maravilhosa de falam eles, terra descoberta
no meu tempo, terra de onde vêm estes deliciosos alimentos e bebidas. Depois,
subindo tais ruas estranhas fomos até um local de onde eu via as imponentes naus,
e onde está agora um monstro da minha grande obra. Viajámos pela desconhecida
cidade onde nasci e vivi falando de tais escritores que, pelo que parece, são
tão conhecidos quanto eu (algo difícil de acreditar), vimos os seus locais de
visita, onde comeram, viveram... pois os meus foram destruídos aparentemente
por um horrível terramoto. Descemos até ao antigo Terreiro do Paço, pois agora
já nem rei existe, como poderá um pais assim sustentar-se! E descemos até ao
chamado cais das colunas, perto da antiga ribeira das naus, local de onde a minha partiu para a Índia. E tal como a minha também de lá
partiu uma larga frota rumo ao Oriente.
Terminamos na casa do filho do vice-rei da Índia,
rapaz detestável, mas com bom gosto em termos de arte. É esta a minha cidade
desconhecida, é esta a cidade de Luiz Vaz de Camões.
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