Leitura, Dissertação e
Improvisação
Leitura
“Dentro dele cabe
Tudo”
Era um Homem em que
tudo cabia dentro de si.
Ele não via o mundo,
ele consumia-o
Ele não usava meras
palavras, ele construía-as,
Enquanto os outros
perseguiam as suas vidas, ele procurava novos trilhos para a sua.
Dentro dele cabia
Tudo.
As ruas, a cidade, o
Mundo.
Até que um dia já não
cabia nada,
Saiu tudo cá para
fora.
O Homem começou a
escrever
Criou palavras, criou
frases, criou textos
Criou Tudo
Dissertação
O texto apresentado foi escrito no seguimento de uma frase
dita pela professora durante a aula. A frase dita que deu início e asas a este
texto foi “Dentro dele cabe Tudo”. Esta frase veio a propósito de quando
mencionados os diferentes estilos em que Fernando Pessoa conseguia elaborar os
seus textos. Podemos quase dizer que Fernando Pessoa se desmultiplicava em
diferentes estilos. Não há como negar que dentro dele cabia tudo!
Porquê a escolha deste texto para a apresentação? Primeiro,
porque desde sempre, mesmo antes de nos debruçarmos numa análise mais profunda
sobre o trabalho de Fernando Pessoa, admirava o seu trabalho. A sua escrita de
uma maneira ou de outra sempre conseguia dizer‑me qualquer coisa – tocar-me.
Depois, porque este texto representa a relação que tenho com
o meu diário neste momento. Olho para os diários do ano passado onde existia ao
princípio uma certa resistência à temática aula/vida e reparo que neste existe
de facto uma maior aceitação desse fator.
Deixou de ser uma limitação, começou a ser uma diretriz que
guia o mundo para qual escrevo.
Exatamente como quando estamos a desenhar com o modelo/referência
à frente, está tudo ali. Cabe a nós apropriarmo-nos do que já existe e criar.
Improvisação
Se o Tudo e o Nada
fossem peças de Lego, o que conseguiria construir?
Se o tudo e o nada fossem peças de lego, eu provavelmente
iria conseguir construir exatamente – nada.
Porquê? Ora, porque o tudo e nada são como aquelas peças de
lego que não encaixam, mas à nossa vista parece que foram feitas mesmo para
encaixar uma na outra.
Como as peças de puzzle que temos a certeza que faltam ali,
naquela parte do puzzle e forçamo-las a encaixar, até que acabamos por aceitar
que de facto não encaixam.
O tudo e o nada são como aquelas peças dos legos grandes com que costumamos brincar quando somos pequenos. Quando
somos pequenos não nos importa se as peças encaixam ou não, simplesmente
pressionamos e pressionamos mais um bocadinho. Acabamos por não construir
nada e deixamo-nos de construções.
O tudo e o nada são peças de lego tão diferentes e tão
iguais. São aquelas peças de lego que não encaixam, mas têm, por exemplo, a mesma
cor ou a mesma forma. É por isso que não se pode construir nada com elas,
porque são precisamente iguais e como tal, não encaixam.
Inês Gomes nº13 12ºD
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