Beleza de um mordaz
sentido
Expectativa sinalizam
A estranheza
Paradigma esquecer da
Ninguém.
O resto sempre perde
O resto mundo
cruzador
Presença do regra a pródigo
Premiado, morto pelo
verso
Em Dividido exaustivo
dissecar
Suscitada culpa do
que para um
O faz no a um.
Poema dadaísta
Tomás Neves
Dissertação:
Este é um poema dadaísta, que tive a liberdade de fazer no
meu diário literário, e obtém-se da seguinte forma:
Escolhe-se um artigo de um jornal, e recortando palavras que
o próprio escolhe, juntam-se num saco que será agitado. Depois, palavra a
palavra deverá ser tirada do saco, e transcrita para o papel na ordem em que
foi retirada.
Por isso se observam certas incongruências, por exemplo na
concordância de género: “paradigma esquecer da Ninguém”, mas aqui Ninguém, que
por acaso até vinha com maiúscula, substitui o nome de uma pessoa, cujo nome
não quer ser referido. Ou em “Presença do regra a pródigo”, que, para mim se
refere ao género de pessoa que passou de cumpridor de regras, a prodígio (com
uma quebra de regras implícita).
É um apelo ao subconsciente. Apenas a pessoa que criou, o
conseguirá entender plenamente, tudo isto é relativo e ambíguo, mas afinal
de contas que mais é a poesia que não ambiguidade?
O dadaísmo surgiu em Zurique, em 1916, a meio da primeira
guerra mundial. O movimento, liderado por Tristan Tzara, defendia que era uma
inutilidade tentar perceber o Homem, visto que era impossível. E acima de tudo
entendia e apelava à subjetividade da arte: "Qualquer obra de arte que possa ser
percebida/entendida, é o produto de jornalismo. O resto, chamado literatura, é
um dossier de imbecilidade humana para guia de futuros professores.”
É portanto, considerada a mãe do surrealismo, ao procurar a
expressão interior e abstrata, sem procurar uma explicação objetiva do que se
retrata, e é portanto uma atitude cética de negação de tudo, onde se levantam
novos valores.
Improvisação
Diálogo entre o meu Consciente e o Subconsciente.
Um diálogo entre estes dois, seria um monólogo. Afinal só
têm uma boca, a minha. E seria um monólogo interior, porque não gostam muito de
falar alto, para os outros ouvirem, embora às vezes gritem tão alto, que assumo
que as pessoas à minha volta os ouviram.
Não diriam nada, mas tudo ao mesmo tempo, porque, afinal de
contas, não têm de pensar a mesma coisa. A consciência pensa pela sociedade,
pelos anos de cultura que me injetaram. O subconsciente fala pela expressão,
pela selvajaria, pela barbárie. Talvez o subconsciente não fale.
Sim, gosto de pensar que o meu subconsciente comunica pelas
minhas mãos. Talvez por isso goste tanto de desenhar. O meu subconsciente
desenha aquilo que não é dizível. Aquelas paixões de cor, indescritíveis,
sensações que tomam formas ainda que informes.
Um diálogo entre o meu Consciente e Subconsciente, seria o diálogo
entre uma tela e uma boca. A boca fala, a tela não. Seria mesmo um diálogo?
Não, seria um monólogo. E um monólogo é a única coisa que se obterá no dia em
que se tentar falar com o subconsciente.
Ele não vai responder.
Tomas Neves 12ºA nº25
Nenhum comentário:
Postar um comentário