domingo, 18 de novembro de 2012

Oralidade



Beleza de um mordaz sentido
Expectativa sinalizam A estranheza
Paradigma esquecer da Ninguém.
O resto sempre perde
O resto mundo cruzador
Presença do regra a pródigo
Premiado, morto pelo verso
Em Dividido exaustivo dissecar
Suscitada culpa do que para um
O faz no a um.
Poema dadaísta
Tomás Neves

 Dissertação:
Este é um poema dadaísta, que tive a liberdade de fazer no meu diário literário, e obtém-se da seguinte forma:
Escolhe-se um artigo de um jornal, e recortando palavras que o próprio escolhe, juntam-se num saco que será agitado. Depois, palavra a palavra deverá ser tirada do saco, e transcrita para o papel na ordem em que foi retirada.
Por isso se observam certas incongruências, por exemplo na concordância de género: “paradigma esquecer da Ninguém”, mas aqui Ninguém, que por acaso até vinha com maiúscula, substitui o nome de uma pessoa, cujo nome não quer ser referido. Ou em “Presença do regra a pródigo”, que, para mim se refere ao género de pessoa que passou de cumpridor de regras, a prodígio (com uma quebra de regras implícita).
É um apelo ao subconsciente. Apenas a pessoa que criou, o conseguirá entender plenamente, tudo isto é relativo e ambíguo, mas afinal de contas que mais é a poesia que não ambiguidade?
O dadaísmo surgiu em Zurique, em 1916, a meio da primeira guerra mundial. O movimento, liderado por Tristan Tzara, defendia que era uma inutilidade tentar perceber o Homem, visto que era impossível. E acima de tudo entendia e apelava à subjetividade da arte: "Qualquer obra de arte que possa ser percebida/entendida, é o produto de jornalismo. O resto, chamado literatura, é um dossier de imbecilidade humana para guia de futuros professores.”
É portanto, considerada a mãe do surrealismo, ao procurar a expressão interior e abstrata, sem procurar uma explicação objetiva do que se retrata, e é portanto uma atitude cética de negação de tudo, onde se levantam novos valores.



 Improvisação
Diálogo entre o meu Consciente e o Subconsciente.
Um diálogo entre estes dois, seria um monólogo. Afinal só têm uma boca, a minha. E seria um monólogo interior, porque não gostam muito de falar alto, para os outros ouvirem, embora às vezes gritem tão alto, que assumo que as pessoas à minha volta os ouviram.
Não diriam nada, mas tudo ao mesmo tempo, porque, afinal de contas, não têm de pensar a mesma coisa. A consciência pensa pela sociedade, pelos anos de cultura que me injetaram. O subconsciente fala pela expressão, pela selvajaria, pela barbárie. Talvez o subconsciente não fale.
Sim, gosto de pensar que o meu subconsciente comunica pelas minhas mãos. Talvez por isso goste tanto de desenhar. O meu subconsciente desenha aquilo que não é dizível. Aquelas paixões de cor, indescritíveis, sensações que tomam formas ainda que informes.
Um diálogo entre o meu Consciente e Subconsciente, seria o diálogo entre uma tela e uma boca. A boca fala, a tela não. Seria mesmo um diálogo? Não, seria um monólogo. E um monólogo é a única coisa que se obterá no dia em que se tentar falar com o subconsciente.
Ele não vai responder.

Tomas Neves 12ºA nº25

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