O Senhor Sujeito Composto
O Senhor Sujeito Composto e a sua sombra mudaram de vida
recentemente. Os cantos e recantos de uma pequena casinha no centro de Lisboa
encantaram a dupla. As notas e moedas das suas carteiras, ou melhor dizendo,
das suas contas bancárias, permitiram-lhes adquirir o imóvel de imediato. Foram
arrastadas tralhas e mobílias com o auxilio da empresa de mudanças paga a peso
de ouro para tratar dos seus pertences como peças de museu. De facto, a sua
modesta casinha e refúgio representava, para o inseparável par, um bem
incomparavelmente valioso.
No entanto, foi posto o eterno problema e questão da
luminosidade. Como sempre, não podiam faltar velas e candeeiros naquele lar,
caso contrário o Senhor Sujeito Composto e a sua sombra passavam a ser só o
Senhor Sujeito Composto.
De forma a resolver o velho imbróglio, nunca, jamais, em
circunstância alguma, os interruptores ou botões das luzes eram tocados. Mas, e
como era de conhecimento de ambos, catástrofes e cataclismos acontecem. O
Senhor Sujeito Composto e a sua sombra, ao darem-se conta disto, resolveram
erradicar o problema em vez de o resolver. Botões e interruptores viram assim
os seus dias contados. Até hoje, homem ou mulher que passe pela casa destes
dois depara-se com uma eterna panóplia de janelas iluminadas.
Margarida B. Gomes da Silva
Nº16 11ºA
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