Vós, que
dominais os seus ouvintes e marcais o seu futuro com heréticas ideias, tendes a
vossa fortuna dominada e marcada por mim, e sentenciada pelo santo tribunal.
Deitou-me Deus a bênção que vos condenasse, de pavorosas ideias, e vos encaminhasse
para o inferno donde saístes.
Por isso
dirijo-me ao Santíssimo Tribunal e escrevo ao Grande Inquisitor.
Vossa santidade, meu prestigioso padre e símbolo
do Santo Tribunal.
Como vós
rogastes, em 1642 no decorrido dia 5 de Fevereiro, a minha pessoa encaminhou-se
em direção à Igreja de São Roque e assim me dispus para declarar a
culpabilidade do padre e das suas ideias heréticas. Sobre a grande majestade de São Roque assim me deparei com um dilema.
Como? Sobre
tanta graciosidade barroca pode um homem sentir tanta aversão e rancor? Como?
Ouvindo palavras mais belas e perfeitas posso repugnar o seu pregador? Ideias nobres sobre um chão de luz, tal voz
prolongada sob um teto grandioso, e uma emoção tão cativante rodeada de uma
arte magnífica, sinuosa, simples e complexa.
Hipnotizado
pela luz incandescente na simplicidade do estilo maneirista e na ornamentação
do barroco português. Talvez vossa santidade, tenha sido manipulado por forças
de um demónio ou encaminhado em direção à luz por um anjo, pois tal milagre
gracioso só poderá provir de tão bela arte, de capelas douradas, de tetos
grandiosos como pantheon romano, tal altura que atinge os céus e eleva os fiéis
a um plano de simples pureza e palavras poéticas e sensatas.
Livrai-me
desta manipulação, pois eu sozinho não me domino e não consigo subjugar as
letras, as sílabas, as palavras, as frases e os textos deste padre demoníaco.
Soltai-me
destas amarras de ouro puro, pois quem mas prendeu, foi esse Padre António
Vieira.
Diogo Dias. 11º A
Nenhum comentário:
Postar um comentário