Apresentação Oral - Leitura, Dissertação, e Improvisação
Mafalda Lino Ferreira
Alves, Nº17, 11ºE
Leitura
-A minha
leitura foi o conto : COUTO, Mia –O Fio das Missangas. Lisboa, Caminho
2008 – “Inundação” .
Inundação
“Há um rio que atravessa a casa.
Esse rio, dizem, é o tempo. E as lembranças são peixes nadando ao invés da
corrente. Acredito, sim, por educação. Mas não creio. [...] Lá fora a chuva
sonhava, tamborileira. E nós éramos meninos para sempre.
Certa
vez, porém, de nossa mãe escutámos o pranto. Era um choro delgadinho, um fio de
água, um chilrear de morcego.
Ela só
suspirou:
-Vosso pai já não é meu. [...]
Desde
então, a mãe se recusou a deitar no leito, dormia no chão. A ver se o rio do
tempo a levava, numa dessas invisíveis enxurradas. [...] Em poucos dias se
aparentou às sombras, desleixando todo o seu volume. [...]
Ela
queria guardar aquela saudade. Como se aquela ausência fosse o único troféu da
sua vida. [...] Eu estava pressentimental, incapaz de me guardar no leito. Fui
ao quarto dos meus pais. Minha mãe lá estava. Acordei-a.
-Não faça barulho, meu filho. Não acorde seu
pai.
-Meu pai ?
-Seu pai está aqui,
muito comigo.
[...]
Saí no
bico do pé(...) e me esgueirei pelo
quintal. Ali me retive a contemplar a casa.
Nesse
instante, escutei o canto doce de minha mãe.
Foi
quando eu vi a casa esmorecer, engolida por um rio que tudo inundava.
Dissertação
Tema: O tema da minha dissertação foi a análise e
interpretação do conto que apresentei na leitura.
Neste conto, o tema abordado pelo autor são as
memórias e a ilusão ou irrealidade associada a estas.
Concluí isto, pois metaforicamente, o rio do tempo é
a “corrente ” da vida, que segue em frente. Os peixes deste rio, que nadam
contra a corrente, julgo serem as memórias, que nos fazer recuar no tempo,
contrariando a “corrente” da vida, a sua “corrente” natural.
Pode acontecer que estes “peixes” nos iludam, e que
essa ilusão seja tão agradável, que inconscientemente ou não, decidamos viver
neles, transformando estas memórias na “nossa” realidade. Mas isso é apenas uma
ilusão, uma confortável realidade. E viver uma ilusão, não é viver realmente, é
apenas “nadar ao invés da corrente”.
Assim, para concluir, gostava que cada um de vós se
questionasse acerca da sua relação com o rio do tempo.
Obrigada.
Improvisação
Tema: Memórias do Futuro
Depois de tentar definir o “indefinível”, percebi
que estava a fazer tudo ao contrário. De que serve definir algo que não se pode
de modo algum definir? Não serve de nada. Então agora vou apenas referir para o
que me remetem as memórias do futuro.
Memória do futuro remete-me, por exemplo, para
património. Não no sentido da classificação, ou no seu sentido mais
burocrático, mas no seu sentido mais profundo, naquilo que eu considero
património. Esse património estabelece uma relação entre o passado, e o futuro.
E isto também acontece na expressão: Memória do futuro, um paradoxo entre o
passado, e o futuro.
E não é a nossa vida uma memória do futuro? Sendo
este mesmo momento, o presente, o que estabelece a relação entre estes, todos
os outros momentos, sonhos, sentimentos pertencem ou ao passado, ou ao futuro,
relacionando-se.
Viveremos nós num constante paradoxo? Parece que
sim.
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