Ao entrar em S. Roque, era impossível não se ficar
hipnotizado com as brutas e suaves palavras que se ouviam penetrando cada canto
da igreja. Cada palavra que era dita, cada pausa que era feita, era como se
fosse apenas direcionada para mim, toda a sala desaparecera naquele instante,
eu era o único público do padre António Vieira.
Senti-me absorvido por todo daquele encanto, de repente já
não era o temível Inquisidor, era apenas um inculto no meio de tanta sabedoria.
Deixei-me levar pela dramatização do ambiente onde estava inserido. A minha
imaginação começou a voar pelas talhas douradas, pelas imagens dramáticas,
pelos motivos florestais. Apenas com o olhar, o seu encanto era como se me
tocasse ao de leve o meu corpo. O excesso era excessivamente entusiasmante,
pois senti que podia passar horas a analisar casa canto. Todos os cantos e
recantos eram simetricamente perfeitos, tudo tinha um objetivo, deixei-me levar
pelas ilusões e pelo infinito. Era fácil ficar cativado por tal encanto, nas
paredes tínhamos imagens que valiam por mil palavras, não era necessário ter
grande instrução para perceber que ali se encontravas representados os mais
variados temas religiosos.
Por fim, reparei que eu não era digno de estar no meio de
tanta complexidade, pois não era uma pessoa complexa, mas sim humilde, uma
palavra que parecia não entrar pelos portões da igreja.
Ao sair era impossível não trazer comigo um saco de sabedoria
às costas, cheio de perguntas sem respostas, daquelas que nos fazem pensar
durante dias, cheio de novos conceitos e perspetivas.
Elsa Severino nº9 11ºE
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