- Não posso! – Pensei eu enquanto
aguardava o silêncio dos ouvintes para começar o sermão. Mas não fui capaz nem
sequer de me recordar de uma única das suas palavras.
Apenas me saiu do fundo do peito as
seguintes palavras:
“Aqui respira-se arte. Respira-se esplendor!
Basta-nos olhar para a as talhas douradas aqui presentes que a nossa alma é
invadida de pureza. Já para não falar de todos os santos cá presentes, são de
facto a melhor manufactura que vi até entao. Esta amplitude faz-nos voar e
pairar sobre toda esta estrutura maneirista. O mármore… As telas… Os painéis
dos azulejos meus ouvintes! Já reparam na virtude que é estar aqui; aqui nesta
igreja, que não é uma simples igreja, é de facto um espaço cénico e que ganha
vida com um simples profundo olhar.
Deem graças ao grandioso Filipe Terzi, arquitecto que fez deste local, um cenário brilhante, realçado pelos jogos de claro/escuro maneiristas e pelos cuidadosos efeitos de iluminação das pratarias.
Deem graças ao grandioso Filipe Terzi, arquitecto que fez deste local, um cenário brilhante, realçado pelos jogos de claro/escuro maneiristas e pelos cuidadosos efeitos de iluminação das pratarias.
Reparem o que seria adormecer a
contemplar o medalhão presente no tecto. Acordar e contemplar o estilo barroco
da capela do santíssimo. Reparem! Seria uma dádiva.
Mas lamentável é dizer que talvez
tenha sido a primeira e a última visita a este espaço. Dos cinco sentidos que
todos temos, levo do olfato o cheiro da igreja assim que dei o primeiro
passo, levo do tato apenas o puro ar que me passa pelas mãos como cetim, levo
da visão … ai a visão… levo todo este dourado, este mármore e azulejos, e
finalmente do paladar, levo o sabor que ganham as palavras referidas a tudo
isto, porque até elas ganham outro sentido.
Mariana Santos, Nº21, 11ºE
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