Trabalho sobre a visita de estudo a S. Roque
Suposto pois escrever algo de modo a que o
Padre António Vieira seja julgado pela Inquisição, não o consigo fazer! Estou
preso! Estou preso numa porta, a do Paraíso! Fiquei impressionadíssimo com a
sua sabedoria
Longa distância percorri, não quero que vá
em vão todas estas recordações. Recordações dos meus pesados passos a baterem
na calçada branca, ainda nova, da multidão formada no largo, a perguntar sobre
o que é que seria o sermão naquele dia, formulando frases, afirmações e
interrogações, que foram deitadas dos seus corpos ardentes para o fresco ar,
misturando-se com os cheiros das flores, dos cafés, das perfumes… Melodia
harmoniosa se formava constantemente!
Quando já estava na altura de entrar, tudo,
numa passada lenta e calma, tentava escolher o melhor lugar da audiência.
Ao entrar na Igreja de S. Roque,
evidenciou-se um monumento ímpar! Composta por uma fachada simples e austera, o
interior deste jesuítico é rico em trabalho de talha dourada, mármores policromados, azulejaria, composições em mosaicos, pintura, escultura e
relicários. Uma igreja salão compacta, desenvolvendo-se em andares com galeria
sobre capelas laterais e cuja achada rígida, e de uma grande simplicidade, se
articula em superfícies lineares. Encanto infinito!
À medida que me ia deslumbrando cada vez
mais, surgiam histórias e mais histórias, revestidas por uma fina e leve talha,
que permanecia descansada sobre estas.
Anjos calmos, assim como crianças, criam um
cenário familiar e harmonioso. Um santo pronto a dar a mão e ajudar quem mais
precisa.
Pintura ilusória, com uma perspetiva
conseguida de abóbada, sobre um teto de madeira com uma superstrutura de
vigamento, define-se num sistema arcaizante.
A riqueza vocabular e domínio verbal, os
paradoxos e os efeitos persuasivos, seduzem a clareza dos seus argumentos de
tom, e certas subtilezas irónicas, que o Padre António Vieira torna a sua arte
em algo magnífico como a Igreja o é!
À medida que falava, a sua boca ia-se
abrindo numa lentidão imensa, as palavras voavam com expressividade, com
delicadeza. Saboreava-se o momento! Palavras que se apreciam, que salgam a
nossa mente. Salgam pois porque precisamos de tal cousa! Precisamos de que nos
abram os nossos olhos. Ele apenas nos diz a verdade! Porquê ocultar este dom?!
Esta dádiva?! Sabemos que Jesus nasceu, viveu e morreu na pobreza e apenas quer
que sejamos irmãos! Porque nos interessamos, nós, se somos grandes, se somos
pequenos ou médios? O que interessa são as nossas ações! Porque, afinal,
andamos a salgar a nossa terra? Não podemos, simplesmente, deixá-la em paz? Mas
para isso teríamos de magoar o próximo com interesses económicos ou políticos.
Já chega!
Não nos interessa se, no exterior, somos
diferentes. O que aqui interessa são as nossas ações, o nosso interior, a
capacidade de resolver as coisas. Fomos todos criados por Ele. Para quê magoar
e ferir os nossos, amados e estimados, irmãos?
Como o Padre António Vieira disse, os
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; praticam ações distintas da sua
pregação; pregam-se a si próprios e não a Cristo e como os ouvintes não querem
receber a verdadeira doutrina seguem as ações negativas dos pregadores e não as
suas palavras; servem os seus caprichos em vez de servirem a Jesus Cristo.
Estes sermões são a realidade concreta!
Porquê ocultarmos tal facto?
Paremos a tempestade que estamos a
construir! Pisemo-la! Mas por amor de Deus, ajudemo-nos todos com Irmãos!
Peço, portanto, que vós, que não estadeis à
espera que o resultado da missão fosse este, aceitai e encarai estes factos
como Deus quer que o façamos!
Maria José Sousa, 11º D, nº 20
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