quarta-feira, 12 de junho de 2013

A refeição que me acompanha Eça





Eça está criado. O seu estômago anda que nem um fósforo nos dedos.
Só consegue beber aguardente, só beber para manter o ardor.
Não consegue comer só porque não quer. Há coisas mais importantes do que comer. Há luvas de borracha com buracos que deixam os dedos húmidos.
Eça escreve com luvas de veludo e não as pode sujar a comer, tem que louvar esse respeito pelo veludo.
Mas o preto continua ali vazio para Eça, alheio para o vadio.
Só saboreia daqui quem quer arriscar, provar do próprio baço.   

Catarina Mauriti

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