domingo, 16 de junho de 2013

O Sarau

Sarau

Neste dia, esquecido por tantos, mas memorável para  tantos outros,  a música aumenta, atinge um volume ensurdecedor. As pessoas permanecem caladas desde o princípio do espetáculo, olhares desconfiados são refletidos por mais de uma centena de espelhos naquele enorme salão repleto de encruzilhadas e drapeados de um dourado mesquinho. Homens de preto e bem encamisados, mostram-se a quem os quer ver, as senhoras revestidas por todos os tipos de bijutaria alcançável no corpo humano, ou como alguns lhe chamam, o esqueleto.                                                          
O espetáculo vai a meio, hoje parece-me interminável, no palco avistam-se pessoas, que lá por gosto não se cansam, não era para mim, eu cá me desenrasco relatando o que de mais interessante isto tem. Os velhos curvados, tão cansados quanto eu, já só avistam o final, tombando a cabeça de vez em quando e levantando-a muito rapidamente com receio que alguém os  tenha visto, olham em volta e recompõem-se, na fila da frente e especialmente lá em cima o entusiasmo é outro, não era de esperar, com tão boa vista, tratam alguns senhores de apontar certas notas clandestinamente referindo assim o que de pior este espetáculo tem. Dando ao espetáculo não uma prova de confiança e liberdade, mas sim um desprezo e uma desconfiança que assustam tantos, como eu, referindo ao jornal de amanhã  que o espectáculo sofreu recaídas, algumas bem graves. Isto preocupa-me, o valor do espetáculo é constantemente posto em cima da mesa e espremido até aos limites.                                                                      Decerto, torna-se difícil avistar algo tão bom, o espetáculo, livre, transpirando emoções de forma clara, por vezes é posto em causa por meia dúzia de palavras.






José Rafael Mendes Nº13 11ºA

Nenhum comentário:

Postar um comentário