Almoço com Eça
Como de costume, vou almoçar com Eça em sua casa. É o
que normalmente acontece nos dias da
semana. Eça chega a casa por volta das onze e meia e o almoço é servido
ao meio dia.
E é intercalado entre carne e peixe, dia sim, dia não.
Hoje vai ser servido o célebre cozido (à portuguesa) e o incontrolável cheiro já percorria os corredores, e começara
agora a penetrar na sala de jantar, que é onde almoçamos todos os dias de
segunda a sexta, na grande mesa da sala de jantar, apenas os dois, numa
partilha de histórias e acontecimentos.
E assim ali ficamos, até Eça se aperceber das horas e
saber que teria que se ir embora o mais rápido possível, porque precisava
de se recolher durante um curto espaço de tempo, enquanto fumava o belo do seu
cigarro.
Pouca coisa mudou em tanto tempo que passou, já nos
conhecemos há uns quarenta e cinco anos. A agitação, confusão, alegria, euforia
começou exactamente quando Os Maias chegaram a esta casa, seguido de um som que se tornou habitual, o som
das folhas passadas, o som das folhas rasgadas, o som da tinta a cravar o papel,
a grossura da tinta quase como um cordel.
Acabando de almoçar, já sabia o que me esperava, Eça
iria contar-me todas as novidades e todos os acrescentos da grande história d'Os
Maias, tal como lhe pedi.
Escrita
Emocional– Trabalho escrito com música da época :
-Cheguei!!
-Oh meu Deus, repare no volumoso casaco de pele daquela mulher!
-Isso é
porque ainda não viu o grandioso chapéu daquela.
E eu (Carlos) pensei para mim:
Interessante..
Onde o azul do céu estrelado ,
Se dissolve no nosso horizonte,
Com o branco sujo das ruas, e que rima com o amarelo
brilhante do interior dos grandes e dos expansivos palacetes, onde os prédios
todos alinhados tornam esta vista magnifica, até para mim que passo por aqui
todos os dias! Cheios de gente aperaltada, com enormes vestidos e cabeleiras
com respectivas combinações de jóias, em que de longe não se percebe que somos
todos diferentes, porque nos encontramos num mar de gente.
Onde milhares de vozes e risos preenchem a minha
cabeça, mas que de repente, quando vemos a pessoa que provavelmente procuramos,
ou que pelo menos gostaríamos de ver, faz-se um enorme silêncio na minha
cabeça, e parece que se abre um caminho no espaço que me liga a esse alguém, no
meio daquela infinita gente.
Mas se me questionar, porque estou aqui?
Não sei bem, talvez seja porque fica bem...
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