quarta-feira, 12 de junho de 2013

Resposta da mulher citadina a Cesário





Ó tu que me observas entre essas cartas, esses olhares de quem quer mais do que a vista alcança.
Ó tu que tanto me queres, queres?
Deseja-me, sim deseja-me mais do que a outra qualquer outra mulher e talvez então eu sorria, te faça sorrir também. Talvez até mesmo descubras o meu nome, embora duvide.
Gostas do brilho do meu pó de arroz? Gostas dos brilhantes olhos por trás dos lábios vermelhos? Eu sei que sim…
Pois bem, é meu, sou eu. Sou sim, meu senhor, tua quase senhora, mais próxima do desejo que qualquer outra realidade. Sou tua fantasia diária, as minhas unhas arranham-te as palavras, talvez seja por isso que apenas me consigues observar.
Eu sei que gostas, tanto que gostas que continuas a olhar. Pensas que não reparo? Claro que reparo, apenas não quero saber.
Teu paleio galante não compra sequer cigarros, quanto mais diamantes.
Ó tu, que tanto sonhas, queres que te acorde?
Não respondas, é-me irrelevante o teu querer.

Catarina Mauriti

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