Ó tu que me observas entre
essas cartas, esses olhares de quem quer mais do que a vista alcança.
Ó tu que tanto me queres,
queres?
Deseja-me, sim deseja-me
mais do que a outra qualquer outra mulher e talvez então eu sorria, te faça sorrir
também. Talvez até mesmo descubras o meu nome, embora duvide.
Gostas do brilho do meu pó
de arroz? Gostas dos brilhantes olhos por trás dos lábios vermelhos? Eu sei
que sim…
Pois bem, é meu, sou eu.
Sou sim, meu senhor, tua quase senhora, mais próxima do desejo que qualquer
outra realidade. Sou tua fantasia diária, as minhas unhas arranham-te as
palavras, talvez seja por isso que apenas me consigues observar.
Eu sei que gostas, tanto
que gostas que continuas a olhar. Pensas que não reparo? Claro que reparo,
apenas não quero saber.
Teu paleio galante não
compra sequer cigarros, quanto mais diamantes.
Ó tu, que tanto sonhas,
queres que te acorde?
Não respondas, é-me irrelevante
o teu querer.
Catarina Mauriti
Catarina Mauriti
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