sábado, 19 de maio de 2012

Diário de aula

                                      foto Sofia Azevedo


Diário da aula de Língua Portuguesa:

Hoje, dia 7 de maio de 2012,dia do aniversário do meu irmão mais novo, tema da minha mente não só nesta aula como o resto do dia.
A aula de Português começou com todas as lembranças, por parte da professora, para as nossas cabeças (às vezes ocas) e para o nosso bem no final do ano quando formos ver as pautas.
Desta vez foi o Francisco a tomar a nossa atenção com o seu poema, não o sei ao pormenor, a sua essência falava da inocência que reside em cada um de nós, a nossa infância. Muito interessante, como é comum nestas apresentações. Penso que se todas as pessoas conseguissem controlar e expulsar a parte do nervosismo neste breve e inicial momento da aula, conseguiriam expor-se muito mais… mas por norma gosto sempre. “Para onde foi a inocência?” (tema de improvisação) onde o Francisco correspondeu, na minha opinião sensata e diretamente, quando disse que a inocência não foi para lado nenhum, apenas se esconde. Corrijo, a escondemos dentro de nós próprios na capa rija de adultos.
Pouco mais se falou sobre este assunto. Voltámos aos lembretes e marcações importantes. Confesso que não ouvi a 100% o que estava a ser dito, estava à procura da minha preciosa agenda onde costumo guardar a minha memória (chamo-lhe memória profissional) memórias da alma, essas guardo-as sempre na minha mente. Acabei por encontrá-la mesmo no meu colo (acontece muitas vezes ser o cúmulo da distração por breves instantes)
 Continuamos a falar sobre os trabalhos… Acredito que seja por gosto, mas como a professora frisou sorrateiramente que de vez em quando se entusiasma a fazer alguns trabalhos “meto-me numa grande embrulhada” mas nota-se que grande parte é trabalho satisfatório.
Depois destas introduções (necessárias)  começámos a trabalhar ao gás na página 231. “A sociedade e a psicologia dos portugueses” em que a pertinência, essência e oportunidade da visão de Eça são indispensáveis para compreensão desta época, não só a visão neutra, mas também critica. A crónica de costumes continua totalmente válida face aos dias de hoje, os defeitos e as características mantém-se iguais. Ao estudarmos Eça percebemos que estava no seu tempo, mas não se conformou com este e ultrapassou o romantismo existente, reagiu ultrapassando-o. Neste texto distingue-se o conflito entre o artista e o crítico sobre o mundo e o homem  fazendo o mesmo. Ironicamente, temos sempre tendência, instinto ou como queiram considerar, a criar especulações/ilusões sobre aquilo a que chamamos ídolo, neste caso artistas.
Os artistas não são perfeitos, nem anjos… são homens e mulheres, somos nós, seres fracos e casmurros insistindo em que havemos de criticar tudo e todos contra as nossas crenças de que as asneiras as havemos de cometer outra vez, escondias por trás da pobre inocência que afinal ainda e sempre se esconde dentro de nós… é por isso que nos sentimos traídos.
Sentimo-nos traídos por quem nos desilude, como que se estivéssemos sempre à espera daquela pequena coisinha, aquele pormenor que nos sabe tão bem quando vemos que é o nosso capricho realizado. Quando assim não é, criticamos tudo e todos, batemos com o pé e deixamos a inocência esconder a birrinha. Penso que o fazemos na esperança de que um dia voltará o que queremos como queremos. Tentamos mudar o mundo sem nos apercebermos que este nos muda a nós.


O texto desta página fala também da época naturalista presente nas obras de Eça em que se ocupa das aparências, bens, os fúteis e flutuantes costumes, satiriza o burguês da sua época de forma sarcástica e irónica.
Podemos fazer também uma comparação entre o Eça radical - escritor e o Eça conservador – pessoa  em todo o seu trabalho este escritor procurou encontrar-se a si mesmo para além das influências.

Após a interpretação do texto desta página falámos um pouco de estilo, o Discurso Directo, Discurso Indirecto e Discurso Indirecto Livre… esta matéria fez-me lembrar o período no Básico onde estudámos gramática desafogadamente, recordei o 7º ano no externato e o 9º na escola pública onde andei… Senti saudade.
Na página 241 do manual a leitura expressiva dos textos A e B permitiram uma breve revisão da aula passada. (Na obra d’Os Mais) Diferenciação e destaque ao discurso do tempo, o tempo escrito que não corresponde ao tempo da história, em que se passam 14 anos em texto e a maior fatia deste livro é basicamente a vida de Carlos no Ramalhete.
Nesta obra, o Ramalhete até 1875 estivera em ruínas, posteriormente é ocupado por Afonso e Carlos acompanhados por toda a aristocracia portuguesa. Em 1877 quando sucede a tragédia e Carlos parte para a Europa, com a morte de Afonso o Ramalhete fica de novo em ruínas. Lembrei-me da expressão que o meu pai utiliza sempre que vamos a alguma parte antiga de uma cidade ou a outro sítio em ruínas “ Tudo vai com o dono”
Enquanto estava a tomar as minhas notas, a professora explicou o que é que era Hipálage (palavra estranha e nova para mim); significa que o objeto oou a ação recebem as características do sujeito, que deste é desviado; é parecido com a personificação, sem ser o mesmo…   
De novo na descrição do Ramalhete, investigámos a essência do gosto frenético de Carlos em transformá-lo numa casa luxuosa, típica dos países do Norte da Europa. Todas estas características estão ligadas aos cenários do Romantismo,
Considero fantástico o facto de tão pequenas coisas nos surpreenderem, Para mim, os livros são uma autêntica caixa de surpresas, fico sempre interiormente preenchida de surpresa quando o óbvio que não vi me surpreende. Normalmente as histórias apesar de boas e de qualidade acabam sempre por se tornar previsíveis, dá-me um gozo tremendo descobrir o que não sei quando por vezes penso que sei.
Eça critica a importação de tudo o que é estrangeiro, como verificamos também nesta aula, não só o facto de importarmos coisas, mas o exagero com que se importam ideias, a identidade. O luxo sem correspondência com a necessidade, a este modo de vida refere-se mais Carlos, já Afonso, na sua descrição naturalista e maciça na exceção de um pormenor ou outro, é caracterizado como um homem tipicamente português, a referência a hereditariedade.
Afonso da Maia é descrito pelo lado mais naturalista de Eça, como se fosse o olhar de um médico ou cientista. Psicologicamente, como já tínhamos visto na aula passada, percebemos que esta personagem evolui na sua vida, torna-se mais bondoso.

Foi uma aula preenchida… Ao gás como disse… terminou com as saudações de boa educação, nesta altura já mais por carinho por parte de todos. Só de pensar que o ano está quase a terminar, por um lado fico muito feliz mas por outro começam a surgir momentos de nostalgia… estes que são precisos para nos sentirmos diferentes a cada ano que passa e nos transportarmos para um novo futuro…


Sofia Azevedo 11º D nº24              

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