Eça tornou-se meu companheiro nos fins de tarde do Verão. Aquela altura perfeita do dia em que ainda não é noite, mas ainda há aquele calorzinho no ar. Sento-me sossegada no sofá ou deitada na cama à espera que o sono chegue e entro pelo seu universo, no século XIX das descobertas científicas e do "chique a valer". Durante estes últimos meses tem roubado o tempo de antena dos outros autores, como a Agatha Christie; as histórias policiais foram substituídas pelos crimes da sociedade de época. Nunca nos tínhamos conhecido, só tinha ouvido falar dele, porém ele passou anos, talvez décadas,em cima do armário, à espera de alguém que o convidasse para umas tardes bem passadas. Abandonei-o por uns tempos, é verdade, mas acabo sempre por voltar a falar com ele durante uma horinha ou duas, de vez em quando.
Inês Duarte
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