Revejo em Cesário, o que já me consome. Não vejo senão outra coisa
qualquer que não doença, se por acaso intitulou de “Ao Gás” umas das quatro
partes do seu mais emblemático poema, “O Sentimento de um Ocidental”. Não vejo
como não sendo transtorno, se Cesário já retratara Lisboa – arrastando-a sobre
“passeios e impuras” entre os “moles hospitais!”.
Esta Lisboa, principalmente a de
hoje – ou a que provém de alguns tempos, poucos, atrás, nunca se vira tão melancolicamente retratada, como o fez o poeta. Seria ele um defensor da arte
enquanto patriota, ou estaria ele realmente doente para vê-la tão obscura e
mal trajada?
Era realista, verdade – fora outrora naturalista, também. Mas, o impressionismo o subscrevera na forma poética com que se envolvera.
Sendo o impressionismo forma configurada observada aos olhos do pintor, quem me assegura, se os dele não estariam: turvos, amarelos, infetados, em “debuxo”. É certo que capacidades e génio não lhe faltaram, mas tanta inspiração e tão impressionada, que: ou ele lidara tão equivocamente com tais pestes ou ele próprio as sentira.
Era realista, verdade – fora outrora naturalista, também. Mas, o impressionismo o subscrevera na forma poética com que se envolvera.
Sendo o impressionismo forma configurada observada aos olhos do pintor, quem me assegura, se os dele não estariam: turvos, amarelos, infetados, em “debuxo”. É certo que capacidades e génio não lhe faltaram, mas tanta inspiração e tão impressionada, que: ou ele lidara tão equivocamente com tais pestes ou ele próprio as sentira.
E eu o vejo em mim, também.
Porque me encontro em gostos de escrever sobre amor, sorte e aflição; mas em
mim reconheço, doença crónica, de poeta, de desgosto interno pela verdade mal
encarada e tão polémica que vemos hoje. Onde já se vira, agora, por Lisboa,
jogarem-se corpos fora depois de uma noite louca e escaldante, aos recantos de
jardins reais sobre a forma de... uso e deita fora. Cesário já o vivenciara
certamente, e prever o futuro, também o soubera, apesar da cor.
Adoro as expressões que usa, a real profundidade do núcleo vivo das coisas: “Não poder pintar/Com versos magistrais, salubres e sinceros”; “Dó da miséria”; “Compaixão de mim”.
Adoro as expressões que usa, a real profundidade do núcleo vivo das coisas: “Não poder pintar/Com versos magistrais, salubres e sinceros”; “Dó da miséria”; “Compaixão de mim”.
Reconhecera ele, tão doentia
característica? Ou devo eu reconhecer tal verdade aos meus pés? Será realmente
doença ou não será senão outra arte poética?
Gabriel
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