sábado, 19 de maio de 2012

Snack.



Cesário. O meu escritor da sandes apressada a correr por Lisboa. Oh, mas tão bem acompanhada…
Saltando do metro com a sandes na mão, dirijo-me ao Largo do Chiado numa sexta de manhã. Ao meu lado, Cesário Verde acende uma cigarrette. Compondo a casaca, fez questão de me acompanhar. Numa conversa fiada, maldiz jornalistas, editores, ricos enfim… Descendo o Chiado, Cesário acena a Queiroz de longe, que lhe responde acenando de volta. Passamos por pobres, por sem abrigo, mas este não lhe subjuga um olhar de desprezo ou só de ignorância. Cesário dá-lhes sombra, existência, vê-os. Cesário conta-me as suas historias, lê-me os pobres, saúda-me o campo e cospe-me na cidade, que tanto amo.
Vejo as horas, corro para o metro descendo o Chiado até à rua da Vitória – já estava atrasado. No campo não nos podemos perder assim, vemos o tempo a passar, aqui na cidade tudo brilha com mais força, tudo se sente com mais intensidade. Estacando, o jovem homem que era Verde, fixa-me incredulamente. Então, rindo violentamente, cambaleia até mim, atravessando o seu braço pelos meus ombros, ainda tens muito para aprender

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