Cesário. O meu escritor da sandes apressada a correr por Lisboa. Oh, mas tão bem acompanhada…
Saltando do metro com a sandes na mão, dirijo-me ao Largo
do Chiado numa sexta de manhã. Ao meu lado, Cesário Verde acende uma cigarrette. Compondo a casaca, fez
questão de me acompanhar. Numa conversa fiada, maldiz jornalistas, editores,
ricos enfim… Descendo o Chiado, Cesário acena a Queiroz de longe, que lhe
responde acenando de volta. Passamos por pobres, por sem abrigo, mas este não lhe
subjuga um olhar de desprezo ou só de ignorância. Cesário dá-lhes sombra,
existência, vê-os. Cesário conta-me as suas historias, lê-me os pobres,
saúda-me o campo e cospe-me na cidade, que tanto amo.
Vejo as horas, corro para o metro descendo o Chiado até à
rua da Vitória – já estava atrasado. No campo não nos podemos perder assim,
vemos o tempo a passar, aqui na cidade tudo brilha com mais força, tudo se sente
com mais intensidade. Estacando, o jovem homem que era Verde, fixa-me
incredulamente. Então, rindo violentamente, cambaleia até mim, atravessando o seu
braço pelos meus ombros, ainda tens muito para aprender…
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