Não há, sem dúvida, pior sensação do que fundamentar a vida
numa incerteza. D. Madalena casa-se com Manuel de Sousa Coutinho, estando ainda
casada com João de Portugal, que ela pensa estar morto, quando está vivo.
Haverá pior ironia de que saber que se é um fantoche
predestinado e constantemente informado do que se vai suceder? Telmo está
incutido de o fazer, vive numa fantasia como que numa transfiguração da
realidade, onde se prende ao passado do tempo de D. Sebastião, aguardando
persistentemente que seu amo, seu verdadeiro senhor regresse num dia ritmado.
E não há melhor do que apressar a efémera felicidade a
tornar-se num pesadelo através de um ato que aparentemente será patriótico,
mas que não passa de uma ação egoísta.
Tais acontecimentos baralharam aquelas vidas como quem
baralha um amontoado de cartas, que quando se deu a chegada do peregrino, o
romeiro, irreconhecível pelos seus mais chegados parentes, disse a Telmo, que
imediatamente o identificou, que queria sair daquele jogo viciado.
E a sétima ironia é ver, após a morte de Maria, completamente
inocente perante tudo o que se passou, a morte terrena antecipada; depois de
terem experimentado duas vidas em paralelo, Manuel Sousa Coutinho e D. Madalena
foram isolar-se no convento para redimirem as suas faltas
e abafarem os seus desgostos.
Disciplina: Português
Professora: Risoleta Pedro
Joana Costa nº15 11º E
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