domingo, 11 de dezembro de 2011

Oralidade


Apresentação  Oral - Leitura, Dissertação, e Improvisação
Mafalda Lino Ferreira Alves, Nº17, 11ºE

Leitura
-A minha leitura foi o conto : COUTO, Mia –O Fio das Missangas. Lisboa, Caminho 2008 – “Inundação” .
           
Inundação
            “Há um rio que atravessa a casa. Esse rio, dizem, é o tempo. E as lembranças são peixes nadando ao invés da corrente. Acredito, sim, por educação. Mas não creio. [...] Lá fora a chuva sonhava, tamborileira. E nós éramos meninos para sempre.
Certa vez, porém, de nossa mãe escutámos o pranto. Era um choro delgadinho, um fio de água, um chilrear de morcego.
Ela só suspirou:
-Vosso pai já não é meu. [...]
Desde então, a mãe se recusou a deitar no leito, dormia no chão. A ver se o rio do tempo a levava, numa dessas invisíveis enxurradas. [...] Em poucos dias se aparentou às sombras, desleixando todo o seu volume. [...]
Ela queria guardar aquela saudade. Como se aquela ausência fosse o único troféu da sua vida. [...] Eu estava pressentimental, incapaz de me guardar no leito. Fui ao quarto dos meus pais. Minha mãe lá estava. Acordei-a.
-Não faça barulho, meu filho. Não acorde seu pai.
-Meu pai ?
-Seu pai está aqui, muito comigo. [...]
Saí no bico do pé(...) e me esgueirei  pelo quintal. Ali me retive a contemplar a casa.
Nesse instante, escutei o canto doce de minha mãe.
Foi quando eu vi a casa esmorecer, engolida por um rio que tudo inundava.




Dissertação
Tema: O tema da minha dissertação foi a análise e interpretação do conto que apresentei na leitura.

Neste conto, o tema abordado pelo autor são as memórias e a ilusão ou irrealidade associada a estas.
Concluí isto, pois metaforicamente, o rio do tempo é a “corrente ” da vida, que segue em frente. Os peixes deste rio, que nadam contra a corrente, julgo serem as memórias, que nos fazer recuar no tempo, contrariando a “corrente” da vida, a sua “corrente” natural.
Pode acontecer que estes “peixes” nos iludam, e que essa ilusão seja tão agradável, que inconscientemente ou não, decidamos viver neles, transformando estas memórias na “nossa” realidade. Mas isso é apenas uma ilusão, uma confortável realidade. E viver uma ilusão, não é viver realmente, é apenas “nadar ao invés da corrente”.
Assim, para concluir, gostava que cada um de vós se questionasse acerca da sua relação com o rio do tempo.
Obrigada.

Improvisação
Tema: Memórias do Futuro
Depois de tentar definir o “indefinível”, percebi que estava a fazer tudo ao contrário. De que serve definir algo que não se pode de modo algum definir? Não serve de nada. Então agora vou apenas referir para o que me remetem as memórias do futuro.
Memória do futuro remete-me, por exemplo, para património. Não no sentido da classificação, ou no seu sentido mais burocrático, mas no seu sentido mais profundo, naquilo que eu considero património. Esse património estabelece uma relação entre o passado, e o futuro. E isto também acontece na expressão: Memória do futuro, um paradoxo entre o passado, e o futuro.
E não é a nossa vida uma memória do futuro? Sendo este mesmo momento, o presente, o que estabelece a relação entre estes, todos os outros momentos, sonhos, sentimentos pertencem ou ao passado, ou ao futuro, relacionando-se.
Viveremos nós num constante paradoxo? Parece que sim.

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