quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Visita de estudo: relatório de um inquisidor




Ao entrar em S. Roque, era impossível não se ficar hipnotizado com as brutas e suaves palavras que se ouviam penetrando cada canto da igreja. Cada palavra que era dita, cada pausa que era feita, era como se fosse apenas direcionada para mim, toda a sala desaparecera naquele instante, eu era o único público do padre António Vieira.
Senti-me absorvido por todo daquele encanto, de repente já não era o temível Inquisidor, era apenas um inculto no meio de tanta sabedoria. Deixei-me levar pela dramatização do ambiente onde estava inserido. A minha imaginação começou a voar pelas talhas douradas, pelas imagens dramáticas, pelos motivos florestais. Apenas com o olhar, o seu encanto era como se me tocasse ao de leve o meu corpo. O excesso era excessivamente entusiasmante, pois senti que podia passar horas a analisar casa canto. Todos os cantos e recantos eram simetricamente perfeitos, tudo tinha um objetivo, deixei-me levar pelas ilusões e pelo infinito. Era fácil ficar cativado por tal encanto, nas paredes tínhamos imagens que valiam por mil palavras, não era necessário ter grande instrução para perceber que ali se encontravas representados os mais variados temas religiosos.
Por fim, reparei que eu não era digno de estar no meio de tanta complexidade, pois não era uma pessoa complexa, mas sim humilde, uma palavra que parecia não entrar pelos portões da igreja.
Ao sair era impossível não trazer comigo um saco de sabedoria às costas, cheio de perguntas sem respostas, daquelas que nos fazem pensar durante dias, cheio de novos conceitos e perspetivas. 

Elsa Severino nº9 11ºE

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