sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Treino de oralidade

Leitura:
Palavras Cínicas - Albino Forjaz de Sampaio, 8ª Edição
"Ai de ti se acreditas em alguém ou em alguma coisa. A Esperança é como uma teia de aranha. Se lhe tocares desfaz-se-te nas mãos.
Tudo no mundo vai pelo pior possível. Disseca uma por uma todas as ideias, todas as palavras, todos os sentimentos e vê que podre não é tudo aquilo. Disseco-me a mim mesmo, e de tudo isto só achei egoísmos, vaidades, secura e aridez. Tudo mentira, tudo convenção. O Bem é uma convenção, o Amor é uma convenção.
É por convenção que eu te digo bom quando tu és um negreiro; honrado, sabendo-te infame; amigo, quando tenho a certeza que, certo da impunidade, me esfaquearias no escuro de uma viela, imperturbável.
O que és tu? Um egoísta. Egoísta nos sentimentos e na torpeza, na fuga e na vaidade. Tudo tu fazes por egoísmo. Se tu tivesses tanta fome como tua mãe e só houvesse uma côdea a disputar, tu espancarias a pobre velha para lha roubares. Vamos ao caso que lha davas? Que preferias morrer de fome? Se o tinhas feito é porque isso te satisfazia, te enchia a vaidade de morreres por alguém - tu que és o maior egoísta que o sol cobre.
Que tu dás a vida por mim, que tiras da tua boca para dares à minha?! Egoísmo, tudo egoísmo. Se o fizeste foi porque isso te deu prazer e nada mais.
Compaixão? Porque hei-de eu ter compaixão de ti? Sofres? Muito bem. mata-te."

Dissertação:
Vivemos a vida em 450.000.000.000 mil milhões de piscadelas de olhos, facto cientifico.
Depois de refletir sobre esta curiosidade que pelo menos a mim me fascinou, lembrei-me que desde pequena, professores, amigos, pais, restantes familiares, me vêm dizendo que não se deve dizer "não gosto" mas sim "não aprecio" (ignorância minha que não devo ser conhecedora da definição de ambos os conceitos), dizem-me ainda que, só depois de provar ou de saber o que realmente algo é, é que posso definir a minha sentença. Ora, se isso se aplica para a comida, porque é que não se aplica para os seres vivos, aqueles que desfrutam do ar como fonte de vida?
Não entendo ainda como posso eu sequer sentenciar algo ou alguém, se durante toda a minha vida nestes 450 mil milhões de piscadelas, por meras frações de segundos em que fecho os olhos, há um impedimento de viver a vida por completo, por isso, já que nunca iremos presenciar sempre um todo, nunca poderemos discriminar ou simplesmente afirmar que não gostamos.
Não passamos de simples ignorantes que nada sabem, por isso sempre que na flor do momento vos vier à cabeça de não gostam seja do que for, mudem o pensamento e substituam esse "Não gosto" por um "Não Conheço". 
E é este o esqueleto da vida. Esqueleto este que como tudo sofre uma metamorfose, evoluindo.
E a vida? seremos nós conhecedores dela? De uma coisa sei eu, todos somos iguais, todos inspiramos, todos sustemos a respiração e todos expiramos, é um facto.
Associando esta inspiração como um ponto de partida, como uma porta aberta, para o mundo do conhecimento, sabemos que aqui é a vez da oportunidade, é onde tomamos as escolhas que revestem o esqueleto, é aqui que damos o primeiro passo para o futuro, encarando então este desconhecido como o suster da respiração, este suster do ar, é sem dúvida, a fase mais marcante da nossa vida, fase esta que normalmente nos define, que constrói a nossa silhueta, mas esquecem-se, esquecem-se que por baixo de toda esta camada meramente estética ainda continua o esqueleto, aquele que somente se divide em três partes, aquele em que todos nós somos iguais. Por fim, ou não, acabamos com uma última expiração, um último batimento cardíaco, e é no fim, onde normalmente toda a gente quer acabar em grande esplendor, que nos resumimos à insignificância, é aqui que todos voltamos ao que éramos, a silhueta desmancha-se, o nosso revestimento desfaz-se em pó, e nós, nós somos o esqueleto que sempre fomos. Por isso não julguem e não discriminem, porque nunca podemos avaliar a vida como um todo, não se esqueçam que fechamos os olhos 450 mil milhões de vezes!

Improvisação:
Tema: E se não inspirássemos?
Se não inspirássemos, o que seriamos nós? Seríamos o nada ou o tudo! Se não inspirássemos, também não conhecíamos o ar e também não expirávamos, se assim o fosse, qual seria o sentido da vida?
Sendo o inicio considerado o ponto de partida, se não executássemos esta primeira etapa da vida, aquela que nos oferece as pernas para andar, então era sinal que a porta estava fechada, que o mundo do conhecimento nos tinha ignorado ou simplesmente não existia! Mas como toda a gente inspira, toda a gente que que vem ao mundo usufrui do ar uma primeira e ultima vez, então só posso concluir que por muito ou pouco tempo que se viva, todos desenham a sua própria história, todos a moldam, seja por 100 anos de vida, seja por 1 minuto de vida. O tempo é elástico, mas quando o nosso prazo de validade expirar, iremos dar mais importância aos centésimos de segundo, porque levamos a inspiração como uma etapa garantida, que não é! E é por isso que quando ponderam a hipótese de não inspirarmos eu concluo que, se não inspirássemos, o ciclo não existia, nós não existíamos. 
Mas e agora? Será que não existimos? Será que a minha inspiração foi falsa, e em vez de estar a pensar usufruir do esqueleto da vida, provavelmente estou apenas a passear a minha silhueta e a minha sombra. Terá a minha sombra me substituído?
Mariana Cirurgião Ferreira, 11º E

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