sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Visista de estudo: relatório de um inquisidor



Não sei o que me espera. Não sei se conseguirei encontrar palavras verdadeiras para incriminar o tão famoso pregador. Este meu envio é imoral, vim com o intuito de incriminar o Padre António Vieira perante o tribunal da Inquisição, portanto é-me difícil demonstrar uma opinião verdadeira sem eu próprio me sentir pressionado. Ao avistar a Igreja onde Padre António Vieira pregara, Igreja de S. Roque, fiquei admirado com a sua simplicidade e austeridade. Ao entrar calmamente na Igreja não conseguia acreditar que tal exterior, que teria visto um minuto antes, pertencia ao mesmo espaço que os meus pés pisavam. Senti-me pequeno. Não por a igreja ser alta, nada de todo comparada com as igrejas que já tinha visitado, mas pela sua riqueza, a sua decoração, a sua alma… Parecia que o mundo estava todo ali naquela sala, tão complexo e simples ao mesmo tempo, e eu parecia um grão de areia, insignificante, mas não o era, o futuro de Padre António Vieira estava nas minhas mãos.
            Lembro-me de não escrever e de não pensar em nada enquanto Padre António Vieira pregava. Estava hipnotizado. As suas palavras pareciam o ondular das águas do mar, umas vezes suaves e outras revoltas e vivas, tal como o movimento curvilíneo da igreja. Deixei-me levar pelo tom das suas palavras como um barco a naufragar. Estariam a criticar-me? Não duvido, pois parece que sou mais um dos “peixes, que se comem uns aos outros”. Decidi retirar-me logo a seguir a Padre António Vieira terminar de pregar o seu Sermão de Santo António aos Peixes, pois reparei que não era digno de vislumbrar a grandiosidade da Igreja de S. Roque, mas ainda guardo na memória o enorme conjunto de pinturas a óleo, talhas douradas, e de painéis de azulejo que era realçado pela luminosidade que a igreja proporcionava.
Daniela Esteves, nº8, 11ºE

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